Análise analítica: Os Trapalhões na Guerra dos Planetas

Olha só quem finalmente resolveu voltar a falar de filmes depois de tanto tempo...

Contudo, porém, todavia, aparentemente não fiz uma boa escolha pois escolhi o, talvez (ênfase no "talvez"), pior do filme dos Trapalhões. Ou como é conhecido em outros lugares do mundo... A versão brasileira de Star Wars.

Pois afinal, quando algo faz sucesso, sempre vai ter um malandrinho querendo lucrar em cima disso. E os Trapalhões sabiam bem disso, vide suas trocentas paródias.

E essa aqui é mais uma delas, além de ser o primeiro filme com o Zacarias no grupo.

Sem mais enrolação, vamos direto a esse filme. E seja o que Deus quiser.

O filme começa com uma perseguição em algum lugar do Rio de Janeiro... Pelo menos eu acho que é o Rio de Janeiro...

Sério, o filme já te joga direto pra ação sem explicar nada, nem mesmo um texto passando na tela (como é de se esperar em algo relacionado a Star Wars). E se acostumem, porque o filme em si é bem sem sentido e beeeeeeeem demorado em alguns momentos.

Tipo essa perseguição que dura uns bons minutos, o que piora bastante porque o editor descobriu o maldito recurso do slow motion e do reverse e decidiu usar toda hora pra complementar a duração total de um longa-metragem. E só nessa cena dos carros já foi usado o suficiente.

Bom, quando finalmente a perseguição termina, Dedé dá um pescotapa no Didi pra ele parar de dar em cima da mulher dos outros.

E sim, todos os caras que estavam perseguindo o quarteto eram namorados dela, o que me faz pensar por que preferiram enfrentar o Didi em vez de enfrentar a si mesmos.

Sério, como não perceberam que a garota estavam namorando todos eles ao mesmo tempo e acharam que o Didi Mocó Sonrisep Colesterol Novalgino Mufumbbo era a maior ameaça?

Ou eles se orgulham em ser cornos ou inteligência não é o ponto forte deles.

Enfim... após chegarem a conclusão de que é perigoso voltar pra estrada graças ao Didi, eles decidem dormir ali no mato mesmo.

É quando Didi aproveita a oportunidade pra dar aquela "zoada de leve" nos amigos do jeito mais saudável possível: colocando uma vela numa tartaruga que estava indo em direção ao nosso amigo Manfried Sant'Anna.

Ora, não tem nada de mais, o que poderia dar erra...

Oh...

Caraio...

Mas nada tema, pois Didi logo aparece com seu inseparável extintor, o que indica que ele já tinha tudo planejado "em nome da piada".

Ou talvez ele só seja um cuzão que adora disparar o extintor mesmo quando não há incêndio, só por diversão.

Aí você deve estar se perguntando: "Ok, mas cadê a paródia de Star Wars?"

Calma, ela finalmente resolve dar sinal de vida logo depois dessa presepada.

E digamos que não é uma chegada tão boa, pois a nave chega em cena num chroma key tão vagabundo que até o Chapolin ficaria com vergonha.

E olha que os efeitos do Chapolin eram bons...

Aliás, sabem esses trens de pouso que estão descendo? Acreditem ou não, são dois desentupidores de pia pintados.

É sério!

Bom, mas quem será o piloto da nave? A Xuxa? O Etevaldo? Ou o ET Bilu querendo espalhar conhecimento para nossos queridos Trapalhões?

Nenhum deles. O piloto aqui é Flick, um misto de Luke Skywalker com Han Solo. Aqui, o herói é um príncipe do planeta Airos, que está sob o domínio de Zuco (o Darth Vader daqui), que destruiu o planeta e mantém Myrna (a Princesa Leia daqui) como prisioneira. Então ele decidiu ir até a Terra para procurar ajuda e recuperar a peça de um computador super importante, aí ele oferece o trabalho para os Trapalhões.

No começo eles reclamam, mas assim que Flick menciona que vai pagar barras de ouro para cada um...

... Eles já estão dentro da nave, com o jipe e tudo.

Sim, até o jipe foi.

Aliás, estão vendo aquele gigante de colete no painel? Aquele é o "Chewbacca", aqui batizado de Bonzo, que inclusive tem um dialeto um tanto quanto incomum. Não, aqui ele não relincha como um cavalo com prisão de ventre, mas ele fala de trás pra frente e sem legendas, esperando que o espectador que pagou o ingresso pra ver aquilo no cinema entendesse.

Sério, pessoas PAGARAM pra ver essa merda NO CINEMA! Dá pra acreditar nisso?

É rir pra não chorar...

Enquanto isso em Tatooine... Digo, Airos... O pau tá comendo solto entre os seguidores de Zuco e o Povo da Areia.

E aparentemente o Chuck Norris era um deles, pois olha esse roundhouse kick!

É quando os heróis finalmente aparecem pra dar um fim nessa esbórnia. 

E é uma cena longa... e longa... e longa... (10 min. contados) E fica ainda mais tediosa por causa da porra do slow motion usado a exaustão e dos efeitos sonoros tocados num teclado da Casio que estava aparentemente estragado ou com as pilhas gastas há uns 5 anos.

Bom, pelo menos dá pra usar como remédio pra dormir caso você tenha insônia, porque olha, a "ação" (ou a falta dela) não anima nem velório...

De fato, a cena de pancadaria é tão arrastada que o Darth Vader brasileiro foi mais ligeiro e já levou a Princesa Myrna embora sem ninguém perceber, além de explodir os casebres dos habitantes pra não deixar rastros.

Que exemplo de herói, não?

Aliás, se repararem, a princesa é interpretada aqui pela Christina Rocha.

Sim, a do Casos de Família.

Mundo pequeno, não?

Bom, eis que de dentro dos escombros saem as camareiras da princesa Myrna.

É, não era só a Padmé que tinha camareiras, o que indica que o George Lucas tem muito o que explicar sobre isso.

Anyways, como aqui elas também falam de trás pra frente (taqueopariu, viu?), tive que assistir um vídeo do Core pra entender que elas estavam avisando ao Flick que o Zuco raptou a princesa.

Inclusive, nesse momento por algum motivo começa a tocar uma música de um filme da Emmanuelle no Espaço.

Sim, a Emmanuelle já teve uma série de filmes onde ela viajava pelo espaço e explorava (sexualmente) cada um deles. Não me perguntem como eu sei disso, eu apenas sei.

Nunca questionem meu conhecimento sobre as coisas, pomba!

Enfim, após os Trapalhões trocarem olhares com as garotas, eles vão até a discoteca para conseguir informações sobre o paradeiro de Myrna.

E é, aqui a discoteca é pra ser a cantina Mos Eisley.

Tá certo...

Eis que acontece uma coisa que eu duvido que vai ser feita de novo num filme "pra toda a família":

Didi está comprando algumas armas com sua amada, e decide fazer um teste da eficiência delas matando alguns transeuntes inocentes que estavam ali perto, sobrando até pro vendedor que estava ali pois ele tinha recusado o dinheiro terrestre do "herói".

Sério, essa cena é tão bizarra que pela primeira vez eu tive que usar essa montagem com quatro fotos!!!

Tanto que depois dessa cena, eles vão pra pista de dança.

Sim, pois nada é mais normal do que dançar feito o John Travolta com uma pulga na cueca depois de fazer uma chacina no local como se nada tivesse acontecido.

Aos diabos com a discrição, né?

Mas como alegria de pobre dura pouco, mais uma sessão de pancadaria acontece no local, com os Trapalhões saindo vitoriosos mais uma vez.

.

Oh. Que. Surpresa.

Já longe dali, Didi fica puto porque não tem comida e decide dar uma volta até que, pelas leis da conveniência universal, ele encontra ovos gigantes.

E Didi fica com tanta fome que pelo jeito ele comeria até a galinha inteira.

Mas logo muda de ideia quando viu que saiu o peru da WWE dentro do ovo.

Sim, isso já aconteceu.

Pra quem já aprovou a história da Katie Vick, um cara vestido de peru é só mais uma terça-feira pro Vince McMahon.

Eis que durante a fuga, Didi encontra Zuco, que convenientemente estava ali na região com seus "Stormtroopers" (que parece mais os soldados do Esqueleto daquele filme do He-Man).

Como um bom companheiro, ele volta para avisar a seus amigos e decidem dar o fora dali o quanto antes.

Porém, durante a fuga eles param em uma caverna onde se deparam com uma temível aranha "gigante".

Com muitas aspas.

E com uma trilha sonora tão ensurdecedora que provavelmente vou ter que usar um aparelho auditivo depois.

Já longe da caverna eles se mandam pra um outro lugar. Durante uma conversa (onde repetem a cena de perseguição que a gente viu lááááá no começo), eles recebem um comunicado do Zuco, que ameaça fazer sarapatel da princesa caso a outra metade do "computador-cérebro" não esteja nas mãos dele antes do meio-dia.

E após o recado, Mussum decide aplicar a boa e velha justiça do Texas sugerindo dar um tirambaço de revólver na cara de Zuco.

Não, eu não sei como eles conseguiram a metade do computador ou como esse "três-oitão" do Mussum não caiu do casaco dele durante as cenas de pancadaria, o filme não faz questão alguma de explicar. Não reclame comigo por essas crateras no roteiro, reclame com o Renato Aragão que escreveu esse negócio.

Enquanto vão até o ponto de encontro, os Trapalhões param comer pra algumas frutas diferenciadas e são atacados por homens "invisíveis".

E são tão invisíveis que em alguns momentos os braços da equipe de produção até vazam do chroma key. 

Sério, é tão malfeito que chega até a ser engraçado, o que mata a diversão do filme, pois você ri mais dos defeitos (especiais e técnicos) do que das piadas.

Logo depois, sem o Didi, o grupo finalmente chega ao ponto de encontro. Conforme o combinado, Zuco entrega a princesa e os Trapalhões entregam a outra metade do computador.

Tudo parecia ir bem até ali. Até que...

Tudo não passava de uma armadilha, pois a Myrna que trouxeram nada mais era que um dos lacaios de Zuco disfarçados!

Toma essa, M. Night Shyamalan!

É, os heróis estão ferrados.

Quem poderá salvá-los nesse momento tão tenso?

Oras, Didi Mocó, que aparentemente tem o poder de teletransporte!

E não, nem vem com o papo de que eles voltaram pra buscar ele, até porque não ia dar tempo de chegarem no local da entrega. Não vem criar mais furo de roteiro do que esse filme já tem.

Pra cá com esse negócio...

E depois de fazer mingau com os Stormtroopers da 25 de Março e salvar seus companheiros, Didi aproveita pra esculhambar com o vilão, que está paralisado, chegando até o ponto de trocar seu chapéu pelo capacete dele!

Bom, é o Didi, isso já é esperado...

Só queria postar essa foto porque a cara do Renato Aragão tá muito engraçada.

Mas agora não é hora de diversão pois temos uma revelação chocante.

Após unir os computadores e restaurar a paz, Flick pergunta ao Zuco onde diabos está a princesa Myrna, e o vilão revela que ao tirar o molde da máscara a princesa "se desintegrou" (ou seja, morreu).

Sério, a mocinha do filme morreu!

E então Flick revela a Didi que pelas leis do planeta Airos a irmã mais velha da princesa toma seu lugar caso aconteça algo. Para o azar do Didi, a irmã de Myrna é justamente a namorada dele (Loya), o que parte o coração do trapalhão pois eles tinham planejado viver juntinhos no planeta e tudo mais.

E isso era algo que acontecia com frequência nos filmes do quarteto: Didi se apaixonava pela mocinha e ela, no final, ficava de namorico com o galã da época (aqui, o galã é o Pedro Aguinaga), só que aqui a carga é um pouco mais dramática. E se você se emociona mesmo o tanto de patacoada tediosa que aconteceu nesse filme, você precisa se tratar urgente...

Como não tem muito o que fazer ali e não quer ficar segurando vela, Didi então decide voltar pra Terra.

Com resultados questionáveis.

Eis que de repente, o filme mostra que tudo não passava de um sonho.

É, o velho clichê foi usado aqui também.

Porém, quando o quarteto se preparava pra ir embora...

Eles encontram o jipe lotado de barras de ouro que valem mais do que dinheiro, mostrando que não era sonho coisa nenhuma.

Ou talvez isso tenha motivado o Mussum a parar de beber.

NOTA FINAL: 4.5/10

Resumo da ópera: não funciona como filme dos Trapalhões ou paródia de Star Wars (Spaceballs é melhor), o que é decepcionante, pois é nítido que esse filme só existe mesmo pra pegar carona no sucesso do filme do George Lucas.

E essa foi minha análise. Gostaram? Não gostaram? Querem fazer uma ameaça de bomba? Fiquem à vontade nos comentários.

Em breve, se Deus quiser, falarei sobre o filme do Sergio Mallandro.

Sim, isso existe. Esperem pra ver.

Até a próxima, minha gente!!!!!

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