Um Pistoleiro Chamado Papaco


Demorou, mas finalmente aconteceu!

E não, você não leu o título errado. Irei realmente fazer review dessa pérola que é, na minha opinião, uma das melhores coisas já feitas neste Brasil Varonil. Já que ninguém o fez antes, nada mais justo que EU ter essa responsabilidade. Também, quem não faria com um VHS desses?

Pra quem nunca ouviu falar dessa bagaça: Um Pistoleiro Chamado Papaco (ou "Os Amores de um Pistoleiro" - sei lá por que tem dois títulos diferentes) é um filme de 1986 escrito e dirigido por um sujeito chamado Mário Vaz Filho lá na Boca do Lixo. De lá saíram várias produções... peculiares do jeito que o povo brasileiro gostava na época: putaria, diálogos terríveis (mas engraçados) e outras coisas mais.

Então hoje vou tentar resgatar um pouco desse passado falando sobre essa obra de arte que ficou eternizada graças a internet e os memes que surgiram (como esse do Cormano, que na minha opinião é o melhor de todos), mas nem todo mundo sabia de onde veio.

Ah, antes de começar: este filme tem MUITA putaria explícita. Tipo, MUITA mesmo, e muitos closes em pintos. Como as trepadas não tem muita função na história de qualquer modo, vou tentar não mostrar muito delas e as substituirei por GIFs como fiz com os artigos do Super Hornio Bros. Sim, eu sei que vocês não gostam, mas tenho que manter uma integridade aqui, oras bolas.

Dito isso, agora sim vamos em frente.


Nossa aventura começa com um ser misterioso arrastando um caixão por uma corda enquanto anda por uma região que eu não faço ideia de onde é, mas é no Brasil.

Aliás, eu não sei se é do VHS-Rip ou se as câmeras dessa época não eram tão boas, mas as imagens não tem uma qualidade assim... legais. Claro, não dá pra exigir muito de uma produção de décadas atrás, então não sei por que to reclamando.

Outra coisa que quero ressaltar é a trilha sonora chupada dos westerns clássicos. Toca desde o tema de Por uns Dólares a Mais e até mesmo aquele dos comerciais da Marlboro numa cena bem... peculiar.

Enfim, o sujeito está andando até que...


Um sujeito que parece ter saído do Red Dead Redemption o observa com atenção e confusão na mureta da cerca.

Aonde isso vai terminar? Eu não sei, mas sendo um pornô da Boca do Lixo já to com medo do desfecho.

Bom, ele o observa por um tempo até que surge uma oportunidade e o aborda com toda a gentileza do mundo.


Ô SEU CORNO!

Viram? Gentileza.


E gentileza gera gentileza, pois o dito ser o desarma na maior facilidade.


O pistoleiro (que se apresenta como "Papa-Cu") não gosta muito do agrado do refugiado (que se apresenta como "Pancho Favela") e decide retribuir mostrando pra ele o funcionamento de uma "arma especial" que ele mantém guardada dentro da calça todos os dias desde que nasceu.


E pela cara do Pancho, funciona muito bem.

Enquanto isso, do outro lado da área, uma moça está com quatro caras no meio do mato fazendo (e recebendo) um carinho neles.


Isso, desse jeito mesmo.

Aliás, é exatamente nessa cena que toca o dito tema dos comerciais antigos da Marlboro, o que faz um certo sentido, uma vez que, assim como nos comerciais, a moça também está com algo estranho na boca.

.

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Ok, essa foi terrível.


Tudo muito bom, tudo bem até que eles avistam Papaco.

E então somos agraciados com uma das cenas mais famosas da internet. Vou tentar reproduzir o diálogo do melhor jeito possível.

- Ei, seu bunda-mole!
- Falou comigo?
- Não, gracinha, falei com a puta que te pariu!
- Ainda bem. Até um outro dia.
- Um momento, amigo.
- Fala o que você quer de uma vez, caralho!
- Que levas nesse caixão?
- Um monte de bosta.
- E quem foi o cagão?
- Aposto que não foi o cu de sua mãe!

(Ok, essa descrição ficou uma bosta. Então pra compensar, aqui está a cena original. De nada.)


Após esse diálogo maravilhoso, Papaco saca sua arma e despacha rapidinho os mal-encarados, com direito a sons de tiros também retirados dos filmes do western.

Esse filme é maravilhoso? Esse filme é foda pra caralho!


Então, a tal moça (que se chama Linda e é muito parecida com a Márcia Ferro - sim, "aquela" Márcia Ferro) decide se juntar ao Papaco em sua jornada à... sabe se lá onde.

Como não tem muita escolha, o herói aceita a oferta da moçoila mesmo contra a sua vontade (afinal, como ele mesmo justifica, "o negócio dele é outro") e seguem viagem juntos.

Vou ser sincero, é preciso ter um braço muito resistente pra aguentar uma longa viagem carregando uma corda e um caixão carregando alguma coisa.


Enquanto isso, no covil da Legião do Mal, Pancho Favela anuncia pro seu líder que Papaco já está nos arredores com uma mercadoria misteriosa.

O chefe não se decide entre dar uma investida e levar uma investida, então opta pela segunda opção. Ao invés disso decide encarregar Pancho pra fazer as negociações com o pistoleiro.

Eu to começando a achar que ninguém suporta o Pancho lá no covil e querem mais que ele morra logo, mas ele é o chefe, então do que eu sei, né?

Aliás, todo mundo no filme tá de olho na mercadoria do Papaco (falo da que tem dentro do caixão, não do... tá, deixa pra lá) e até brigam pra ver quem consegue ela primeiro, mas isso eu mostro mais adiante.


Enquanto isso, Papaco e Linda chegam até Santa Cruz das Almas, uma cidade tão pequena e pacata que parece saída direto de uma história do Lucky Luke.

Aliás, sabiam que o Terence Hill fez um filme do Lucky Luke nos anos 90? Pois é, foi um piloto de uma série que só não passou dos 8 episódios (eram pra ser 13) pois o eterno Trinity ficou deprimido depois que perdeu o filho num acidente de carro.

O filme é legalzinho até. Assistam, tem lá no YouTube.


E o herói mal entrou na cidade e alguém muito suspeito o espreita pela janela.

Quem será o pusilânime? Logo saberemos, aguarde.


Pois bem, mal chegam na cidade e os "heróis" são recebidos à bala pelos dois caras que estavam os espiando pela janela.

Sim, tinha mais um cara, mas ele não tem muita importância mesmo.

Cidade bem receptiva, não?

Bom, como o filme leva seu nome, Papaco não morre (caso contrário, o filme teria a mesma duração que Faroeste Caboclo) e despacha os dois facínoras na maior tranquilidade, o que me faz crer que Papaco tem um contrato que diz que ele não deve morrer senão o mundo acabaria imediatamente


O acontecimento anima o papa-defunto da cidade, que é amigo do Papaco e também o barman da cidade.

O herói, que se esporra todo ao ver o amigo (palavras dele, não minhas), pergunta das novidades. Ao que o sujeito responde que não tem nada novo no mundo dos mortos, exceto que os Maitlands morreram e que agora são infernizados por um Michael Keaton zumbi que usa um terno listrado.

Sem entender a referência do amigo, Papaco pede para entrar no bar pois está doido pra tomar um trago e comer um frango, ao que o sujeito prontamente aceita e faz questão de pagar por tudo.

Quem dera se eu tivesse amigos que fizessem isso. Me ajudariam muito a poupar grana.


Eis que Pancho Favela, junto com outros mexicanos, decide abordar o nosso herói com uma entrada dramática.

Vou te dizer, acho incrível como todo mundo sabe exatamente em quais lugares o Papaco está ou vai estar, inclusive quem nunca o viu na vida.

Sério, o roteirista desse negócio é um gênio!


Sem muita paciência, Papaco sai do bar e desce a bala nos mexicanos, deixando Pancho Favela vivo o suficiente pra abrir mais um cu nele.

Pancho diz que não é necessário pois está com as pregas en fuego e que seu chefe só quer a mercadoria, mas não quer pagar pela dita cuja, ao que herói diz que só cede se pagar 100 mil cruzados até amanhã.

Isso que é um homem de negócios.


Não muito longe dali, o pequeno Chumbinho avisa a sua patroa sobre o pistoleiro e diz que o cara é foda, pois sozinho conseguiu despachar vários dos seus homens.

Ou como ele mesmo diz: "meteu no rabo dos caras sem vaselina".

Eu já disse como eu adoro os diálogos desse filme? Pois volto a repetir.

A moçoila então pede pro anão avisar a Sartana ir atrás de Papaco e trazer a mercadoria até ela. E ela logo diz, quem trouxer o carregamento e meter bala no sujeito receberá seu cu como prêmio.

E é claro que Chumbinho também decide concorrer, pois afinal pra ele panela velha é que faz comida boa.


Enquanto isso, Papaco devora seu frango tranquilamente na mesa do bar enquanto Márcia Ferro o observa.

Até que...


Sartana adentra no recinto com seus comparsas e incomodam as mulheres que também estavam lá proclamando ser o Deus do pau grande, com o objetivo de chamar a atenção de Papaco.

Esses caras nunca viram um filme do Bud Spencer? Não se incomoda quem está comendo!

Aliás, o Sartana é interpretado pelo gigante Satã, figurinha frequente em várias outras produções pitorescas da Boca do Lixo e também era um grande amigo/segurança do finado Zé do Caixão.

Papaco então termina calmamente de comer seu frango (prioridades, né?) e pede na maior tranquilidade para que Sartana deixe as mulheres em paz. O gigante então desafia a morte e pede pro pistoleiro dar um bom motivo pra ele fazer isso.


E assim ele o faz, colocando todos os bandidos a sete palmos do chão, exceto Sartana, que foge dali com o cu na mão e jura vingança.

Bom, me pareceu um motivo bem convincente, vocês não acham?

As outras mulheres, que estavam sendo ameaçadas, decidem recompensar Papaco lhe dando uma noite de prazer. Nosso herói, que é mais perigoso que a bomba atômica e mata mais do que a AIDS, gentilmente recusa (lembrando que o negócio dele é outro, como ele mesmo relembra), mas a insistência das meninas o faz mudar de ideia em dois segundos.


E lá vai ele curtir sua recompensa no quarto do saloon.

Aliás to até hoje tentando adivinhar que música é a que toca no início dessa cena, mas não obtive sucesso. Se alguém souber me avise, serei eternamente grato e seu nome será imortalizado neste blog.


Papaco então decide dar uma descansada "virado pra lua", o que dá vantagem para Chumbinho ameaçá-lo enfiando a arma no rabo do herói, o pegando de surpresa.

O pequeno valentão diz que a sua patroa quer falar com o pistoleiro, e que pretende chumbar sua bunda caso recuse. Disposto a manter sua dignidade e seu cu em boas condições, Papaco obedece e vai de encontro com a moça (lógico que ele não vai pelado).


Já lá no recinto, a patroa (que se chama Jane, mas seu nome só é citado uma única vez) quer negociar com Papaco dizendo que quer a mercadoria antes do Sapato (o chefe do Pancho Favela, lembram?)

Aliás, eu reparei que nunca explica por qual propósito querem o raio dessa mercadoria, mas deve ser muito importante considerando que todo mundo a quer.

O pistoleiro então propõe o seguinte: quem chegar primeiro na frente da capela da cidade ao meio-dia com a grana na mão, leva. A moça concorda com a ideia, e prova isso dando uma "comissão extra", que vocês já sabem bem qual é.


Exatamente isso.


Eis que, no dia seguinte, Papaco e os dois compradores estão na frente da capela. Exatamente ao meio-dia, conforme o combinado.

Por que tudo no western tem que ser resolvido ao meio-dia? Taí algo que eu sempre quis saber e provavelmente vou levar essa dúvida comigo no meu enterro.

Enfim, os dois ficam há uma meia hora discutindo pra ver quem vai ficar com a tal mercadoria. Papaco, já querendo ir embora logo dali, propõe uma divisão, ao que os dois concordam.

E então, finalmente vemos o que tinha dentro daquele caixão que estava sendo carregado desde o começo.

E era um carregamento de nada mais, nada menos do que..........


Paus, pintos, pirocas, bengalas, mastros, jebas, caralhos... 

Enfim, de todos os tamanhos e gostos!


E há muita alegria!


Longe da cidade, os pombinhos se despedem. Márcia Ferro pede pra ir junto, porém Papaco é um lobo solitário e que seria impossível (e cansativo) se mais uma pessoa o acompanhasse.

Ele também diz que tem muitos destinos a ir, como fazer parte das pegadinhas do Silvio Santos e depois ser zelador de uma escola cheia de pequenos pestinhas que o deixarão de cabelos brancos.


E então ele vai rumo ao horizonte, acompanhado do seu caixão rumo a onde Deus levar.

E é isso. Perdoem a demora e pelo fato do artigo ficar exageradamente grande, mas deu muito trabalho ter que escrever detalhadamente algo sobre esse filme. Sério, esse foi o que mais me deu trabalho.

De qualquer forma espero que tenham curtido.

Até a próxima, minha gente!

Comentários

  1. Algumas teorias sobre o porquê de se marcar encontros ou duelos ao meio dia: Mesmo que a pessoa não tenha relógio, ela pode se orientar pelo sol e o meio dia seria o horário em que o sol está a pino, por esse mesmo motivo, não há como o sol atrapalhar qualquer um dos participantes de um duelo pois não estará na altura dos olhos de nenhum deles, seria, portanto, uma competição justa.

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