Review Pocket - House of the Dead: O Filme


Filmes baseados em jogos às vezes são um bicho de sete cabeças.

Nem sempre é fácil adaptar uma mídia pra outra, e às vezes saem algumas produções que são pura vergonha alheia.

Então hoje eu decidi falar sobre a maior bomba já feita nos últimos tempos: House of the Dead, dirigido pelo alemão/figura folclórica Uwe Boll.

Pra quem viveu numa caverna nesses últimos anos e não faz ideia de quem eu to falando, ele é basicamente um sujeito que do nada conseguiu rios de dinheiros pra comandar adaptações milionárias de jogos que ficaram famosas pela sua ruindade. E apesar de fazer mais sucesso com filmes autorais (1968 Tunnel Rats é excelente, assim como Rampage), sua carreira ficou mais marcada pelas adaptações cagadas, e essa é uma delas.

Aliás, eu falei brevemente sobre esse filme há muitos anos atrás, então nada melhor do que trazer uma análise um pouco mais detalhada, certo?

"Capitão, não sei se consigo matar os monstros com esse machado"
"Pelo amor de Deus, garoto! Eu já estive em Duna e
consegui passar menos vergonha lá!"

Neste parágrafo eu geralmente falo detalhadamente sobre a sinopse do filme e o que acontece nele. Problema é que o filme não tem uma história boa o suficiente pra acompanhar, então ela basicamente se resume em jovens imbecis que vão pra uma rave que está acontecendo em uma ilha (por que? Eu não sei) e se encontram com zumbis.

Ah sim, tem também um padre espanhol que é o catalisador dessa catástrofe, pois ele descobriu uma maneira de reviver pessoas mortas e precisa de pele fresca pra se manter vivo, daí a ideia da rave. Me surpreende um padre de séculos atrás saber o que é uma rave e como organizar uma, mas tudo bem.

O filme também apresenta mais alguns personagens que se junta ao grupo de jovens bobalhões, dentre eles um capitão de barco chamado Kirk (sério, esse é o nome dele), uma funcionária da guarda costeira e uma asiática chamada Liberty, que na imagem acima veste uma roupa com a estampa da bandeira americana. Mas esses também só estão lá pra aparecer mesmo e pra servir de bucha de canhão pros zumbis carniceiros.

Os zumbis do Uwe Boll não querem seu cérebro.
Querem seu suado rico dinheirinho. E depois seu cérebro.

Deu pra sacar que o filme em si não tem nada a ver com os jogos e a culpa é dos dois roteiristas Mark Altman (o criador da série Pandora) e Dave Parker, que nem ao menos pesquisaram pra fazer a história ficar no mínimo interessante. Fora uma ou outra referência bem superficial (o Dr. Curien aqui é um dos jovens bobões e os dois agentes do jogo aparecem só lá no final), a história é um sonífero e demora MUITO pra pegar no tranco e mesmo assim é entediante.

O filme é um festival de bobagens (como quando um deles conta que só ele sobreviveu e que todo o resto dos amigos morreu, estragando qualquer chance que o espectador tinha de querer assistir esse negócio até o final), além de ter que apelar pra situações imbecis que não levam a lugar nenhum além de enfurecer quem está assistindo, como quando uma das mocinhas diz que não dá pra passar por uma porta enquanto segura um machado. Então em vez de arrombar a dita porta, os garotos procuram uma outra entrada!!!!

Sério, tem como ser mais estúpido que isso?

Pra colocar mercúrio, sal e limão na ferida, aparentemente o diretor Boll não tinha fé de que o público estaria convencido de que estavam vendo um filme baseado em House of the Dead, então ele achou que seria uma boa ideia colocar durante o filme trechos do jogo onde os zumbis estão sendo alvejados. Lógico que isso não adiantou muito.

Os agentes G e Rogan, indignados por terem sido
lembrados nos 45 do segundo tempo

Apesar de ser uma bomba em vários aspectos, House of the Dead deu um lucro bem razoável para os bolsos do alemão, que ficou motivado a destruir mais jogos com passar o tempo, de Alone in the Dark a Bloodrayne e Dungeon Siege. Como esses títulos não são muito conhecidos, Boll aproveitou e comprou os direitos dos mesmos, proporcionando as pérolas que estão mundo afora (apesar que eu gosto do Far Cry dele)

Eu geralmente recomendo os filmes ruins, mas esse aqui eu não recomendaria, principalmente se você é fã dos jogos.

E que fim levou Uwe Boll, você pergunta? Bom, ele desistiu do ramo do cinema devido a alguns problemas (dentre eles, financeiros e de distribuição) e migrou pro mundo dos restaurantes com a esposa, onde está tendo uma recepção muito melhor com sua rede de restaurantes Bauhaus.

Pelo menos essa história toda teve um final feliz (digo, pra ele, claro).

Até a próxima, minha gente!

Ficha técnica
House of the Dead: O Filme (House of the Dead, 2003)
Dir.: Uwe Boll
Elenco: Jonathan Cherry, Ona Grauer, Enuka Okuma, Tyron Leitso, Will Sanderson, Jurgen Prochnow, Clint Howard, Ellie Cornell, David Palffy, Adam Harrington, Colin Lawrence
Nota: -5/5

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