Uma análise sobre Crash Twinsanity

Sim, eu vou falar sobre esse game.

Demorou, mas finalmente vou destrinchá-lo de cabo a rabo.

Vejam bem, este foi o primeiro game que joguei quando comprei meu PlayStation 2. Sim, antes mesmo de God of War.

Fiquem à vontade pra me chamar de imoral e pederasta.

Mas enfim, Crash Bandicoot já estava no mercado há muito tempo. Porém, o personagem acabou se metendo em alguns títulos péssimos, desde Crash Bash até mesmo The Wrath of Cortex, que vendeu barbaramente mal por ser só um repeteco dos três primeiros games do marsupial.

Temendo que o personagem caísse no ostracismo, a Vivendi Universal e a Traveller's Tales juntaram forças e fizeram Twinsanity, que acerta em muita coisa e também erra bastante em outras coisas.

Me acompanhem.

A história do game é a seguinte: Coco está distraída com uma borboleta (porque aparentemente agora ela é lesada desse jeito) até que Cortex a paralisa com um raio... paralisante. Então, (mal) disfarçado de Coco, ele atrai Crash pra uma armadilha - pois o Crash pelo jeito é burro pra caralho, porque não sabe diferenciar sua irmã de um barbudo cabeçudo com um N gigante na testa - como forma de vingança pelas vezes que o marsupial atrapalhou seus planos.

Como já era esperado, Crash o derrota e então aparecem dois papagaios malignos de uma dimensão paralela que aparecem para ameaçar destruir o mundo.

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.

Ok.

Então, ao Cortex não resta outra alternativa exceto se juntar a seu pior inimigo - e logo depois com sua sobrinha para salvar o mundo.

Devo dizer que pra época é uma premissa interessante. Tá, "o maior vilão se juntar ao seu maior inimigo pra defender o mundo de um mal maior" talvez não seja a premissa mais original do mundo - devo ter visto isso em algum outro lugar antes - mas se gente competente usar, pode sair algo bom daí.

Aliás, Crash sempre teve uma história confusa, principalmente quando resolveram fazer reboots que ignoram qualquer continuação pós-Crash 3: Warped, o que compromete a continuidade já bagunçada.

É tipo os filmes dos X-Men. Quem viu, entendeu e sabe o quanto aquela franquia é uma zona e tentar entender só faria sua cabeça explodir como no filme Scanners.

A jogabilidade se divide em 4 partes diferentes, das quais descreverei com calma.

A primeira é básica: você controla o Crash num cenário aberto - começando na Ilha N. Sanity - quebra caixas, rodopia nos nativos da ilha, dá barrigada em minhocas gigantes... enfim, tudo o que o Crash já fez antes nos games anteriores. A única coisa que muda aqui é a adição do Cortex em certos momentos no jogo, que em um determinado momento se apega a um cristal, então você pode arrastá-lo e arremessá-lo longe para alcançar itens impossíveis de alcançar sozinho. Ou também pode usá-lo como prancha de ski, que é bem divertido.

A segunda é bem breve, mas é muito boa: em um determinado momento, Crash e Cortex estarão saindo na porrada e você poderá controlar os dois brigando numa bolota como um Super Monkey Ball da vida. Essa parte é bem difícil de controlar, então requer muito treino. Inclusive pausar a bolota em certos momentos acionará animações de violência entre os dois, desde o Cortex dando palmadas na bunda do Crash ou até esmagando a cara do marsupial no asfalto como se fosse uma geleca.

A terceira é quando você já controla o Cortex no momento que você vai para a antiga escola dele, então você acaba jogando um trecho de tiro em terceira pessoa. Você sai coletando munições da sua pistola de raios (porque ela não é infinita aqui) e se ela acaba, o Cortex sai correndo pelo cenário desesperado até bater numa caixa ou ser morto por um inimigo.

A quarta e última parte é quando você controla Nina, a sobrinha de Cortex. A menina é uma espécie de androide gótica que ganha a habilidade de usar sua mão como gancho num trecho bem curtinho, mas bem satisfatório.

Tudo ao som da música composta pelo grupo acapella Spiralmouth.

Claro que todas essas diversificações de gameplay são boas, mas também contribuem para os tantos erros que esse jogo tem, e é aí que eu desligo o meu filtro da nostalgia.

Pra começar, este game tem bugs. MUITOS bugs.

Sem zoeira, já me deparei com N vezes em que eu ficava trancado num espaço ou atravessava a tela do nada enquanto passeava pelo cenário.

Os pulos e o rodopio também não funcionam tão bem. Em determinado momento você vai estar tão desesperado pra acertar alguém que acaba afundando o botão do joystick e nem percebe que foi reduzido a pó pelo inimigo.

A impressão que eu tenho com esse jogo é que o game foi feito às pressas, pois vários extras que você ganha pegando os diamantes são materiais que foram deletados durante a produção do jogo: fases, personagens, vozes, cutscenes, animações...

Talvez tenha sido uma maneira de dizer "olha, nós tínhamos um game legal e isso era tudo que a gente queria te mostrar mas o estúdio não deixou" porque eles queriam recuperar o dinheiro perdido com o The Wrath of Cortex (que até virou piada no jogo)

E não, nem desbloquear o final secreto compensa pegar todos os diamantes.

Crash TwinSanity me marcou muito na infância. Eu ficava maravilhado com o humor aleatório do jogo e em como ele era grande o bastante pra você xeretar cada cantinho.

Mas não posso ignorar o fato que é um jogo bugado, com várias falhas que seriam facilmente consertadas se os produtores fossem mais dedicados e não desesperados em recuperar a grana perdida.

Mesmo assim joguem. É um jogo divertido, rápido e não vai te causar tanta raiva como os games de PS1 ou os da minissérie Titans.

Sério, que jogo estúpido foi aquele...

Até a próxima, minha gente!

Crash Twinsanity (2004)

Plataformas: PlayStation 2, Xbox

Prós: Jogabilidade diversa e humor nonsense realmente engraçado

Contras: Bugs insuportáveis

Nota 6/10

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