Um Favor para o Coringa: o primeiro episódio da Arlequina

(Nota do autor: este artigo foi escrito em homenagem à dubladora da Arlequina, Iara Riça, que nos deixou em 27/04/2021, porém estou publicando só agora por motivos de que eu ainda estava tentando digerir a perda desta grande profissional, que marcou muito minha vida desde que eu era um pequeno capetinha. Espero que compreendam o atraso)

A vida é mesmo muito doida.

Uma hora você faz uma participação minúscula numa respeitável série de TV e na outra já é a sensação do momento, tendo a cara estampada em caixas de Sucrilhos Kellogg's, em canecas mal pintadas e horrivelmente moldadas com suas feições e por aí vai.

Olhem pra Tiazinha, por exemplo, que depois de aparecer no H depilando jovens ganhou uma série de TV (que era uma bosta, diga-se de passagem), um álbum de figurinhas, um CD próprio, bonecas da Gulliver e até uma participação na clássica banheira do Gugu.

Não minta pra mim, eu sei que você assistia esse quadro mesmo com sua mãe do lado.

Tarado!

Mas hoje não falarei da Tiazinha (já tentei uma vez e falhei miseravelmente, mas falarei de novo mês que vem), e sim de uma outra gatinha que foi a sensação do momento desde a sua estreia: Arlequina.

Sim, a capanga do Jóker o palhaço que teve seu momento de brilhar neste episódio que veremos hoje, e veremos se realmente mereceu a fama que tem hoje em dia.

Pois é, tenho o péssimo hábito de julgar antes da hora. Prometo que isso não vai se repetir (mas não garanto nada...)

Dito isso, vamos adelante!

Nossa aventura começa no maior engarrafamento que Gotham City já teve nos últimos anos.

Não, sério, me lembrou aquelas pessoas que foram passar as férias no litoral mesmo com o coronavírus à solta por aí e não dava pra ver nem a estrada mais de tanto carro que tinha.

É por conta dessas pessoas tontas que estamos na situação que nos encontramos hoje.

Enfim, bronca dada... nunca peguei um engarrafamento na vida, mas com certeza é algo bem estressante.

Estresse esse encontrado no protagonista desse episódio, Charlie Collins.

O primo mais calvo e menos gordo do Sr. Barriga aqui decide protestar contra Deus e o mundo por ter uma vida de merda, pois seu chefe recusou dar um aumento justo quando seu filho precisa de aparelho e sua mulher está cozinhando bolo de carne pela milésima vez.

Não me entendam mal, eu gosto de bolo de carne, mas tem vezes que enjoa, ainda mais se consumir durante a semana.

E quando Charlie achava que não poderia piorar, ele esbarra em um carro e vocifera mais palavrões que a Dercy Gonçalves.

E o motorista é ninguém menos que o Coringa (o Jóker, o palhaço), que acabou de fugir do Arkham e está dirigindo tranquilamente pela freeway.

Impressionante como os bandidos podem circular de boa pela cidade depois de uma fuga em massa sem se preocupar com testemunhas ou um possível reconhecimento pelos policiais.

Morar em Gotham deve ser legal pra quem está no mundo do crime.

Charlie instantaneamente reconhece que cometeu um erro ao se meter com alguém cujo sorriso é maior que o da Narcisa Tamborindeguy e, após borrar as calças, decide tentar seguir pro seu destino pois ele sabe que será mais retalhado que uma vítima do Leatherface.

Mas vocês acham que o Jóker vai deixar isso barato?

CLARO QUE NÃO!

Desculpem... digo.. claro que não!

Em uma cena típica de um Velozes e Furiosos, Charlie afunda o pé no acelerador e decide fugir por um desvio e respira aliviado pois assim ele conseguiu finalmente despistar o seu perseguidor.

Mas ele esqueceu que é do Coringa que estamos falando, então ele é facilmente encurralado pelo palhaço que convenientemente também tem seus atalhos secretos.

O gorducho então decide dar a volta até uma ladeira...

... mas o motor afoga.

Putz, mas tu tá com um azar do cacete hein, Charlie?

Charlie, então, se esconde atrás de uma árvore, mas é facilmente encontrado pelo Jóker, que decidiu fazer uma entrada triunfal.

Bom, ele é o chefe, ele sabe o que faz.

Temendo ser transformado em filé ou em churrasquinho de gato, o gordinho então apela pro coração de pedra do palhaço dizendo que teve um dia merda e que não quer virar ração de cachorro.

O palhaço então diz que vai deixá-lo vivo sob a condição de que Charlie deverá lhe fazer um favor.

Favor esse que nem o próprio Jóker sabe qual é.

Devo dizer, pra um gênio do crime, ele deveria planejar melhor as coisas antes de sair chamando qualquer um pra trabalhar pra ele, mesmo que vá correr o risco de levar um batarang no meio dos olhos.

Bom, Charlie parece não ligar muito pra isso e concorda no mesmo instante.

Dois anos se passaram e o GCPD decide homenagear o Comissário Gordon, que fica relutante em aceitar.

Bullock tenta convencê-lo a ir dizendo que vai ser pro bem dele, pois vai ter comida grátis e mulheres pra paquerarem até levarem um tapa violento na cara ou um chute na virilha.

Eu não disse que era pro bem do comissário.

Eis que então Márcio Seixas adentra a sala do comissário e o convence a ir pois ele merece, ao que Gordon imediatamente aceita já pensando no tanto que vai comer até estourar o botão da calça.

Qualé, ninguém resiste a uma boca livre.

Enquanto isso no covil do mal, Jóker está brincando de tiro ao alvo e pensando em animar a festinha do comissário Gordon enquanto a nossa linda palhacinha está pintando as unhas.

Eu perguntaria como ele conseguiu o convite, mas lembrei que é o Coringa e perguntar como ele faz as coisas seria desnecessário.

Aliás, não é curioso reparar que as mãos da Arlequina também são brancas sem as luvas?

Ok, vou dar um desconto só porque é a primeira aparição dela.

A moça então pergunta se seu amado tem um plano enquanto o Jóker folheia sua agenda de contatinhos e encontra a documentação de Charlie, que ele surrupiou há dois anos atrás, e tem uma brilhante ideia instantaneamente.

Aliás, se repararem, as luvas da Harley apareceram magicamente nas suas mãos, pois em nenhum momento ela é vista as colocando, e isso mostra que ela está tão concentrada na figura grega que está em sua frente que até esqueceu que era preciso esperar secar o esmalte antes de colocar qualquer tipo de luva.

Enfim, como será que está o Charlie?

Jogando futebol americano com seu filho mesmo tendo a coordenação motora de um bêbado, o que mostra que ele não aprendeu nada com o Professor Girafales.

Enquanto isso, sua esposa está lendo uma edição da Seleções e está mentalmente pensando por que não se casou com Bruce Wayne.

Oh, então ele tá vivendo bem.

Até que ele recebe uma ligação misteriosa.

Quem será? Samara? Ghostface? Ou o Seu Barriga cobrando aluguel?

Nah, é só o nosso palhaço do crime favorito, que está espalhafatoso enquanto a Arlequina está cortando seu cabelo. 

O que mostra que ele é um bocado ingênuo pra confiar esse trabalho pra quem não é do ramo, pois esqueceu que pula mais que o Sergio Mallandro numa rave e qualquer movimento brusco poderia resultar num acidente difícil de explicar.

Bom, quem não tem Jassa caça com Harley mesmo...

O Jóker liga para Charlie pra vender um lico de cair pinto... mentira, na verdade ele ligou pra cobrar o favor que ele prometeu fazer há dois anos atrás.

Ah, esqueci de dizer que Charlie mudou de nome pra Don Wallace pra não ser encontrado, mas aparentemente isso não deu certo.

O fato do Coringa estar depositando toda sua confiança num sujeito que sequer sabe que sua mulher está prestes a lhe aplicar um bat-chifre mostra que o seu plano tem todo o potencial pra dar merda.

Temendo pela segurança da mulher e do filho, Charlie não tem outra escolha a não ser fazer esse bendito favor pro palhaço, caso contrário sua família será reduzida a purê se ele ousar dizer uma só palavra, então ele vai pegar um avião pra Gotham City.

Eu realmente me pergunto se ele é realmente ingênuo (ou muito burro) pra ter que fazer um favor pro Coringa a ponto de pôr a saúde da própria família em risco.

Bom, a família é DELE mesmo, então pra que vou me meter nas decisões dele?

Chegando no aeroporto de Gotham, Charlie cogita contar tudo aos seguranças que estão ali e vai até ele quando é recepcionado pela...

Meu Deus, é assim que a Arlequina fica sem a máscara?

Ok, eu sei que perdoei o lance das mãos brancas lá no começo, mas pelo amor de Bob Kane, custava desenhar a Harley um pouco menos torta?

Eu não sei se a Dong Yang Animation (o estúdio responsável pela animação do episódio) tava com pressa pra entregar o episódio pronto ou se os designs que a Warner mandou pra refazerem estavam tortos desse jeito, porque meu Deus... é doloroso de se ver.

Enfim, a Harley vê o Charlie e o leva imediatamente pra limusine, onde irão até seu amigo: o bobo, o Coringa, o Jóker, o palhaço.

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Não tem como falar do Coringa sem citar o Feira da Fruta, desculpem...

Chegando na Casa del Curinga, Charlie é muito bem recebido pelo palhaço.

Se "bem recebido" significar ser zoado pela falta de cabelo e pelo peso.

Bom, é o Coringa, o que a gente iria esperar dele?

Certo, e qual seria esse favor que precisou de dois anos pra ser elaborado?

Basicamente Charlie terá que abrir a porta do clube onde estão fazendo a festa em homenagem ao comissário, para que a Arlequina possa entrar no recinto e levar um gigantesco bolo.

Sim, é só isso mesmo.

Não tem como isso dar errado, certo?

Até Charlie se indaga do por que ele foi chamado só pra isso se qualquer capanga genérico dele ou até a própria Arlequina poderia fazer, ao que o Coringa responde que se a palhacinha levar o bolo e abrir a porta ao mesmo tempo, o plano iria pro buraco e ela ficaria mais furada que o Sonny Corleone no pedágio, acabando com qualquer chance dela ser imortalizada no universo da DC.

Como só quer ir pra casa de uma vez e voltar pra sua vida comum com sua família comum e não quer carregar a culpa de deixar uma garota ser morta, Charlie decide não questionar mais o grande gênio dos planos mirabolantes e concorda.

Enquanto isso na festa, Bullock está se divertindo ao melhor estilo John Belushi: comendo, arrotando e peidando na cara da Renee Montoya.

Aparentemente ela não gosta do John Belushi e prefere o Al Bundy.

E uau, tanto homem pra escolher e ela resolveu ir logo com o Bullock, mesmo sabendo que ele é o estereótipo do macho alfa grosseirão que só sente prazer em soltar mais gases na atmosfera que a usina de Springfield?

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Ok, eu sei que prometi que não ia mais julgar as pessoas, perdão pelo deslize...

Márcio Seixas também está na festa, mas diz pro comissário que não vai poder ficar pois tem um encontro com uma moça dona de um monumental par de coxas.

É quando o comissário aproveita pra perguntar se ele pode ir junto.

Engraçado ver que o comissário automaticamente esqueceu que é casado e tem uma filha em casa só pra dar uma escapada de um evento chato.

Lá dentro, Charlie está tão desesperado em pedir ajuda que acaba entrando numa sala onde há inventos diferentes e improvisa um bat-sinal com algo que convenientemente tem um design de morcego.

E surpreendente ninguém ouviu o barulho de um maquinário sendo operado na sala ou impediu o Charlie de entrar lá, o que mostra que ele às vezes tem uma sorte do caramba.

Ou talvez só estejam prestando atenção no discurso do Gordon.

De qualquer forma, a polícia de Gotham é incompetente em vários sentidos.

Até que alguém bate na porta três vezes e Charlie vai lá abrir.

Quem será?

Ora, é nossa palhacinha!

Vestida de policial e carregando o enorme bolo, ela dá um breve discurso ao comissário sobre o quanto ele é fodão e que com toda a sua graça e seu bigodão os bandidos vão pra prisão.

Até que ela aciona um dispositivo que libera um gás paralisante, deixando todo mundo... paralisado.

Duh.

É quando o Coringa sai de dentro do bolo e agradecendo a presença de todos, pois ele queria fazer a entrada mais triunfal dos últimos tempos.

Sério, Coringa? Era esse seu plano mirabolante que precisou levar dois anos pra ser criado?

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Ok, posso conviver com isso.

E pelo jeito a Arlequina também, pois pra ela não existe planos ruins.

É quando o Jóker saca de seu bolso uma bomba, que está programada para matar todos os policiais que estão no recinto em alguns segundos, como um "presente" pelo comissário ter prendido todos os seus comparsas.

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Tá, retiro o que eu disse, é o melhor plano de todos.

Mas algo me diz que eu não deveria ficar muito animado com isso...

Enquanto vai embora, ele se despede de Charlie (que está colado na maçaneta da porta) enquanto o gordinho o chama de burro por estar cometendo o maior erro da sua vida.

Charlie, VOCÊ esbarrou no Coringa na estrada, VOCÊ prometeu que faria um favor pra continuar vivo e VOCÊ prometeu ser fiel ao palhaço mesmo se matassem sua família e esperasse ser traído por ele no final do episódio.

Sério, quem é o burro aqui?

É quando BATMAN adentra no local pela janela e amarra a bomba no seu bat-gancho.

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Não é engraçado ver o Batman colocando o "bat-" em qualquer coisa que ele usa?

Não sei se hoje em dia ele ainda faz isso, mas lembro que nos anos 60 ele fazia isso direto. Desde um escudo até um repelente de tubarões tinham um "bat-" no começo.

E a bomba foi cair justo na van onde o Jóker estava, o fazendo pensar imediatamente em outra ideia enquanto a Arlequina decide medir o tamanho do nariz sem motivo algum.

Tá, esse erro achei engraçadinho.

Depois de soltar Charlie com seu bat-solvente (viu como é engraçado?), BATMAN decide investigar, pois é isso que detetives fazem.

Claro, sem o traje de morcego e toda a parafernália...

É quando o mal ataca...

...e há luta, com vitória para o Morcegão!

Sobrou até pra Arlequina, que foi algemada em um canhão por tentar fugir e usar chantagem emocional pra conseguir amolecer o bat-coração do Morcego.

Inocente... mal sabe ela que esse truque só dá certo quando é a Mulher-Gato que faz.

BATMAN então decide ir atrás do Jóker, que entrou numa réplica de templo sagrado tão bem feita que deixaria Indiana Jones com um sorriso no rosto.

Encurralado, o palhaço joga uma bomba para o Morcego, que joga numa das armadilhas e...

 KA-BOOM!!!!!

Coringa aproveita esse momento de distração do seu rival, sem nem ao menos ter certeza se ele morreu na explosão, e foge pra um beco até que é encurralado por Charlie, que está puto da vida e com uma bomba na mão.

Bem feito, é o que merece por não checar a morte do inimigo.

Enfim, Charlie está puto pois está de saco cheio de ser o esparro da vida e de um palhaço cujo único objetivo na vida é comer a tia do Batman.

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É a última referência que vou fazer da Feira da Fruta, prometo.

Charlie então decide fazer o impensável: matar o Coringa e morrer junto.

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Já vi que esse é o episódio das ideias estúpidas.

É quando BATMAN aparece pra salvar a vida de seu rival, afinal eles tem mais alguns anos pra continuarem se engalfinhando.

Charlie, que está mais surtado que Travis Bickle, não concorda com isso e diz que o único jeito de salvar sua família das ameaças é reduzindo o Coringa a polpa de frutas.

Sério, Charlie, NINGUÉM te obrigou a fazer esse favor. Você entrou nessa porque quis. Se você tivesse ficado na sua, talvez nada disso teria acontecido. Mas não, queria bancar o machão na estrada...

Charlie então decide jogar a bomba em direção ao Coringa e ao Batman (sério, esse cara tem problemas...) e...

Era só uma bomba de mentira, com direito a serpentina voando e tudo.

Bom, é do Coringa que estamos falando, isso já era esperado, não?

E pelo jeito, até o BATMAN gostou, pois deu uma gargalhada muito alta ao ver seu inimigo se borrando de medo de uma bomba falsa.

E se o BATMAN ri é porque é a piada foi boa.

Ao Coringa não resta nada exceto dizer "essa juventude de hoje tá muito mudada..."

HA! Acharam que eu não ia fazer uma última referência ao Feira da Fruta?

Então é isso. Sei que tinha prometido um artigo sobre o Zé do Caixão, mas tive alguns imprevistos com a internet e não consegui terminar a tempo, então resolvi postar esse aqui mesmo sendo uma homenagem meio tardia à uma das melhores dublagens da Iara Riça.

Bem, antes tarde do que nunca, não?

ATUALIZAÇÃO 23/10/2023: este artigo foi atualizado porque também é uma homenagem à Arleen Sorkin (que não só inspirou a criação da Arlequina, mas também foi a voz da personagem por muito tempo), que faleceu no dia 24 de agosto.

Vão em paz, Arleen e Iara! Que Deus as tenha em um bom lugar...

Até a próxima, minha gente!

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