Uma análise sobre Batman Forever (o filme)


Muito bem, onde você estava em 1995?

Ok, eu sei que uma pequena parcela dos leitores não nasceram em 95, mas quem já era nascido acompanhou a era sombria que a franquia estava enfrentando na época depois de Batman: O Retorno.

Pra quem não sabe, depois do sucesso do primeiro Batman, a Warner Bros. deu carta branca total pro Tim Burton fazer o que desse na telha na sequência. O resultado foi um filme violento, sombrio e que trouxe a Mulher-Gato mais sexy do cinema.

Claro que isso não ajudou muito na bilheteria, então a Várner decidiu chamar outra pessoa pra conduzir essa barca furada. O escolhido foi Joel Schumacher, diretor de clássicos como Dia de Fúria, Garotos Perdidos e Tudo Por Amor.

É, aquele com a música do Kenny G e sua mãe adora. Pois é, o Schumacher foi o diretor.

Pois bem, será que a escolha foi boa?

É o que veremos.

Não façam essas caras.
Aceitem.
A história gira em torno do Cruzado Encapuzado (vivido agora pelo Val Kilmer) batalhando contra a ameaça do Duas-Caras (Tommy Lee Jones), enquanto ao mesmo tempo que involuntariamente acaba fazendo com que surgisse um novo inimigo no seu caminho, acaba enroscado com a sedutora Chase Meridian (Nicole Kidman!!!!!) e se vê disposto a lutar contra os monstros do seu passado que motivaram a ser quem é.

Ah é, ele também adota um acrobata órfão de 25 anos que passa metade do filme reclamando e aporrinhando o Batman pra ser sidekick dele.

É, a história não tem lá muita consistência e tenta ao máximo ir até algum lugar e acaba tomando muitos desvios e anda em círculos.

Sim, a trama é uma zona, inconsistente...
HEY OLHA, NICOLE KIDMAN!!!!!!
Visivelmente falando, o filme é até impressionante. Assim como nos dois filmes anteriores, ele usa a mesma arquitetura gótica que só existe no universo do Batman. Ou seja: estátuas gregas em lugares impensáveis pelo ser humano e luzes de neon por toda a parte, o que indica que o departamento de arte se inspirou muito nas HQs do Dick Sprang e na série do Adam West.

De fato, a série dos anos 60 serviu de grande influência pra formar o estilo visual. Em alguns pontos até acerta, mas em outros tudo fica tão colorido que parece até que foi pintado por uma criança de 5 anos.

A música ficou a cargo do Elliot Goldenthal (de Alien 3), que usou uma vibe mais épica e heroica. Uma vez que é um filme de super-herói, obviamente a parte sonora teria que estar a altura. E muitas melodias são realmente boas, indo do noir e dando uma leve passada no rock e nos sintetizadores.

O elenco também está no limite do razoável. Val Kilmer entrega um Batman bem competente, mas seu Bruce Wayne parece bem desprendido da realidade pois está sempre com uma cara de saco cheio da vida. Nicole Kidman é um belo colírio pros olhos... mas sua personagem só se resume a isso. Não tem como tentar investir algo num papel cuja única função é chegar até as ceroulas do Morcegão.

Quanto aos vilões... bom, ao meu ver parece mais uma competição pra ver quem é mais exagerado do que dois atores interpretando vilões. Jim Carrey interpreta um Charada nos moldes do Frank Gorshin, enquanto Tommy Lee Jones foi meio que obrigado a fazer tudo igual ao Carrey, o que resultou num Duas-Caras afetadíssimo e exagerado, bem diferente do vilão complexo e realmente ameaçador dos quadrinhos.

Para de rir, Harvey! Você é
ameaçador sim! Bom, não aqui...
Bom, apesar dessas falhas, eu até curto Batman Eternamente.

Claro, não é uma obra de arte, derrapa feio em muita coisa e vários elementos acabam sendo jogados no colo do espectador pra ele mesmo adivinhar e montar a trama em casa.

Mas considerando os filmes que vieram depois, esse pelo menos é mais direto no assunto porque entrega aquilo que o público quer ver: Batman metendo porrada em criminosos, solução de mistérios e muita Nicole Kidman para o bel prazer.

Então comprem o DVD/Blu-Ray ou a cópia digital mais próxima, desliguem a mente e aproveitem.

Mas não assistam Batman & Robin. Vão por mim, senão vai ser só anos de psicanálise e tratamento de choque pra esquecer de tudo.

Até a próxima!

Batman Eternamente (Batman Forever, 1995)
Dir.: Joel Schumacher
Elenco: Val Kilmer, Tommy Lee Jones, Jim Carrey, Nicole Kidman, Chris O'Donnell, Michael Gough, Pat Hingle, Drew Barrymore, Debi Mazar, Ed Begley Jr, René Auberjonois
Nota: 3.5/5

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