Dossiê Mundo Proibido - Postal: muito tiro, porrada, bomba e muito politicamente incorreto


Muita coisa aconteceu em 1997.

Batman & Robin foi lançado, Titanic também, Deng Xiaoping morreu, Bill Clinton já tava em seu segundo mandato... enfim, de fato é muita coisa. Se eu relembrar de mais vou ficar meia hora aqui.

Eis que em Novembro de 1997, pegando todo mundo de surpresa, surgiu aquele que seria um marco da história dos games de computador (além de ser o mais controverso da plataforma): Postal.

Pra quem habitava uma caverna nos últimos anos, Postal é um game da Running with Scissors... e também o único que a empresa lançou desde então. Não que eu esteja reclamando.

Mas antes de apresentar Postal, permitam que eu fale brevemente sobre a Running with Scissors.


Leitores, esse é Vince Desi, fundador da companhia.

Nascido no Brooklyn e com descendência italiana, Desi começou a carreira trabalhando de tudo, desde professor a taxista e até trabalhou em estúdios de gravações. E enquanto trabalhava na Atari, ele conheceu seu futuro sócio: Mike Jaret Riedel, que depois fundou a Riedel Software Productions (RSP). Desde então fizeram jogos bem inofensivos, desde Spy vs. Spy, Tom & Jerry e Bobby's World, assim como vários outros games pra Hanna Barbera, Vila Sésamo, Walt Disney e até a WWE (na época que ainda era a WWF) e então decidiram se mudar para Tucson a fim de expandir seus horizontes.

Tudo muito bom, tudo muito bem, até que entre 1996 e 1997, Desi e o time da RSP já estavam fartos de fazer somente games infantis e inofensivos e decidiram fazer o jogo mais porralouca possível.

Então, com um grupo dividido em sete pessoas e uma grande influência em Robotron: 2084, nasceu o primeiro filho da família Running with Scissors.

E esse nascimento, de fato, deu muito o que falar.


Como uma bomba nuclear, Postal veio e explodiu instantaneamente.

O jogador assumia o controle de Postal Dude, um sujeito que acredita ser o salvador da pátria pois ele acha que a Força Aérea dos Estados Unidos despejou um produto químico que altera o estado mental das pessoas, deixando-as insanas. Assim sendo, aproveitando que já havia sido expulso de casa, ele decidiu sair armado até os dentes e matar qualquer um que estivesse na sua frente até chegar à base da Força Aérea.

Ou seja, só mais um dia normal e tranquilo.

O game tem visão isométrica (conforme podem ver na imagem acima), mas também alternava entre ver por cima como nos primeiros GTAs. Postal Dude tem um acervo gigantesco de armas que pode usar em seus desafetos, desde metralhadoras, sub-metralhadoras, lança-granadas, bazucas, coquetéis molotov... tudo pra não deixar sobrar absolutamente nada dos seus alvos.

O objetivo do jogador é simples e único: matar todo mundo sem dó em diferentes cenários. Indo de um shopping center a uma área de construção, o importante é não poupar munição.

Claro que o game não escapou das polêmicas assim que foi lançado, mas a empresa decidiu sair pela tangente alegando que não precisavam levar o jogo a sério, pois a proposta era justamente ser propositalmente exagerado.

E como você sabem, polêmica vende. Assim sendo, em seis ou sete anos depois, saiu a continuação.


Com uma pegada totalmente diferente do primeiro game, Postal² agora era um game de mundo aberto em primeira pessoa, tipo os Quake, Doom e Duke Nukem da vida.

O jogador novamente assumia o controle de Postal Dude, mas agora com uma jogada dividida em dias da semana. Em cada dia diferente, Dude tinha algumas tarefas para fazer, desde comprar leite a confessar seus pecados na igreja. E o jogador pode escolher como quer jogar até o final: sendo um pacifista (o que é um pouquinho difícil) ou um completo filho da puta faminto por sangue, o que facilmente levará o jogador à morte se for muito descuidado - ou muito suicida. E a cada dia de semana tem um "chefão" diferente: protestantes,o talibã e até mesmo fanáticos por livros são algumas pedras no sapato, então se quiser sair vivo no final do dia, terá que arrancar algumas cabeças mesmo tendo que jogar sendo bonzinho.

Aqui tem uma nova leva de armas: desde bazucas teleguiadas a um gato que você pode usar como silenciador, um machado, taser, cabeças podres de gado, pás, foices e gasolina.

Sim, antes mesmo de GTA V você podia fazer um rastro de gasolina e morrer de rir enquanto vê tudo queimando.

Ah sim, um outro artifício inútil - mas divertido - era o fato de você poder mijar nas pessoas até fazê-las vomitar litros. Realmente era besta, mas era engraçado de fazer.

O game foi um sucesso imediato, culminando em mods, duas expansões e até um modo multiplayer.

E vocês já sabem o que acontece quando um game faz muito sucesso e se torna popular


Em 2007, saiu nos cinemas Postal, dirigido pelo Ed Wood alemão também conhecido como Uwe Boll. Inspirado mais no segundo jogo mas com algumas referências do primeiro jogadas por aí, o filme contava a história do Postal Dude, que levava uma vida "normal" até se envolver com seu tio hippie em uma conspiração para roubar uns bonecos de pelúcia e vender pra pagar umas dívidas. Isso se o grupo do Osama Bin Laden (não o verdadeiro) não pegar antes pra causar um desastre biológico.

O filme tem de tudo, desde piada com 11 de setembro, crianças morrendo e até mulheres peladas. E também tem muita sátira envolvendo fanatismo religioso e políticos. Ou seja, ninguém foi poupado.

Uwe Boll também aparece nele, interpretando uma versão mais egocêntrica dele mesmo. Ou seja, é ele mesmo de cara limpa.

Apesar de ser um fracasso nas bilheterias, isso não abalou a popularidade do jogo, que continuou vendendo mais do que água em trânsito no sinal fechado.


Eis que 12 anos depois do segundo jogo ser lançado, a Running with Scissors lançou Paradise Lost, uma nova expansão do jogo, situada um tempo depois de Apocalypse Weekend (a segunda expansão), onde Dude volta a Paradise, agora separado da sua esposa (que nunca saía do trailer), depois que uma explosão nuclear atingiu a cidade e reduziu tudo a cinzas.

Procurando seu cachorro perdido, Dude vai enfrentar todo o tipo de criatura louca que foi afetada pela explosão, desde tiras a artistas mirins e sobreviventes.

Assim como no original, o game também é um mundo aberto dividido em tarefas feitas em dias da semana, indo de segunda a sexta. E a medida que vai se progredindo no jogo, novas áreas e novos desafios são descobertas.

Algumas armas novas foram adicionadas, como um martelo, um revólver, uma katana, um cortador de grama, uma granada de luz e um consolo, além de um power-up que te dá a habilidade de duplicar as suas armas, mas temporariamente.

Ah, se o jogador não quiser usar armas, ele pode mostrar o dedo do meio pra todo mundo ou dar um chute bem aplicado na virilha.

É um exercício bem relaxante, no final das contas.


Como não se mexe em time que está ganhando, a companhia decidiu fazer um remake do primeiro jogo, chamado agora de Postal Redux.

Começando do zero e usando a Unreal Engine 4, o jogo conta a exata mesma história, com os mesmos objetivos, com controles melhorados, mas com algumas melhorias nas armas e nos gráficos, também adicionando novos cenários e desafios, além de um novo final.

Outras novidades incluem um modo Fúria, um modo cooperativo, um modo "mata-mata" e um chamado Super Delivery, que junta seis níveis das expansões Super Postal e Special Delivery.


Eis que chegamos no mais novo lançamento: Postal 4- No Regerts. Por enquanto ele ainda está em fase de testes, mas pelo que eu já vi promete ser um jogo do caralho.

A proposta segue a mesma linha de Postal², com a única diferença de que aqui a cada dia da semana Postal Dude precisa trabalhar em coisas diferentes e o jogador novamente tem a opção de terminar as tarefas sendo bonzinho ou um facínora, filho da puta, miserável, arruaceiro, sarnento, pestilento, vil, gato polar.

A escolha é sempre do cliente.

E esse foi o dossiê de hoje. Obrigado pra quem leu até o final. E pra quem não leu até o final... bom, valeu por ter vindo mesmo assim.

Não se esqueçam: se quiserem comprar os games, acessem esse link ou vão pela Steam. Depois me contem o que acharam.

Até a próxima, minha gente!

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