Review Pocket - Os Trapalhões na Guerra dos Planetas
Incrível como esse mundo é doido.
Já repararam que sempre que algo bomba no exterior (não no sentido explosivo, mas no sentido sucesso mesmo), alguém do Brasil sempre corre pra tentar fazer a mesma coisa pra ver se o raio cai duas vezes no mesmo lugar? Na maioria das vezes era fazendo uma cópia, mas mesmo assim...
Foi assim com as músicas (não é verdade, Latino?) e vez ou outra acontece com filmes também.
Agora, diferente dos EUA, a gente não tem uma Hollywood nem muitos lançamentos acontecendo no mesmo ano devido a motivos óbvios, mas sempre dava pra tentar pescar um pouco da fama que determinado produto tinha.
Eis que em 1977, um longa-metragem chamado Guerra nas Estrelas fez um sucesso inesperado. Lotava várias sessões de cinema, todo mundo comprava os bonequinhos da Kenner (ou só ganhavam uma cartolina enquanto não se faziam os bonecos) ou se vestiam como os personagens. Então um ano depois, os Trapalhões viram ali que aquela aventura especial e lisérgica que só os anos 70 poderiam dar renderia uma boa história e foram correndo fazer sua própria versão.
O resultado foi uma das pérolas mais bizarras que só o cinema nacional das antigas poderiam proporcionar.
Me sigam e vocês saberão por que.
Ah, vou deixar claro desde já que não sou um baita fã dos Trapalhões e não conheço tão bem a história do grupo, então não me incomodem caso eu não comentar determinadas coisas, certo?
Dado o recado, AGORA SIM vamos em frente.
Não Didi, é em frente! |
O filme começa com uma perseguição automobilística frenética que dura uns 6 minutos, porque quando você pensa em Star Wars, a primeira coisa que vem à mente é perseguição de carros.
Eis que o quarteto decide então se esconder no mato até que uma nave pousa ali naquela área. Dentro da nave sai Luke... digo, Flick... que precisa de ajuda para resgatar a Princesa Leia... digo, Myrna... das garras do Darth Vader... digo, Zucko... e recuperar a outra parte de um computador pois se cair nas mãos erradas... merda vai acontecer.
E durante a aventura coisas variadas acontecem, desde encontros, desencontros e defeitos especiais.
A história é básica assim mesmo, mas o pastelão meio que complementa a falta de uma sinopse melhor.
Esse ovo com um frango dentro vai compensar a falta de história melhor, Didi? Então tá... |
Por exemplo Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu. O filme é uma paródia daqueles filmes de desastre aéreo que sua avó ou sua mãe assistiam na época e brincava com todos os clichês, desde os passageiros excêntricos ao dramalhão exagerado que todo mundo levava a sério na época.
O problema é aqui a paródia não funciona. Os personagens são apresentados sem fazer nada cômico com eles e esperam que a gente ache engraçado o Flick só porque ele é parecido com o Luke, inclusive no figurino. Mas o Flick é exageradamente heroico SÉRIO!
O mesmo acontece com os outros personagens. Zucko é uma cópia cuspida e escarrada do Vader, só que mais... dourado. Não é engraçado como o Dark Helmet do Spaceballs, é só um vilão canastrão mesmo.
Mas a parte mais precária entra na parte técnica. Vamos levar em conta que esse filme foi feito em 78, ainda assim os efeitos especiais poderiam ser melhores. Grande parte de algumas cenas usam o conhecido chroma key, recurso esse famoso por ser usado no Chaves e no Chapolin. Ta certo que Star Wars também usava o recurso na época, mas a diferença são só uns milhões a mais. Numa cena icônica, dá até pra ver os braços das pessoas que ficam atrás do pano azul durante a luta contra uns "homens invisíveis"
Os modelos das naves ("das naves" entenda-se apenas a do Flick e as que aparecem na abertura) também não são aquela maravilha toda, o design podia ser mais criativo.
E os efeitos sonoros... meu Deus...
Vocês já tiveram aquele teclado da Casio, que faziam um som que deixava sua mãe doida e mandava guardar senão te deixava de castigo? Então, os efeitos sonoros simplesmente se resumem a BLOOPS, BLIPS, BLEINGS, BOINGS, MUUUUMPS que parecem a melodia do rascunho do marco do Inferno.
E a trilha sonora são apenas loops das mesmas músicas sem muita variações entre elas e que se repetem ao longo do filme. Chega até a cansar ouvir a mesma música numa cena tensa ou em uma que é humorística.
Não, Zucko, você não vai me convencer a mudar de ideia, mesmo se vestindo como um vilão do Jaspion. |
Exemplo: numa cena Didi vai comprar armas e DESINTEGRA dois alienígenas e o vendedor por não aceitar os cruzados do trapalhão. Sério.
Outro exemplo é o final. Como vocês sabem, nos filmes o Didi sempre perdia a namorada pro personagem galã que estava no filme. Aqui é a mesma coisa, só que bem mais hardcore.
Bom, Zucko revela que a princesa Myrna morreu enquanto um clone era preparado (não, você não leu errado. A mocinha do filme morreu, com todas as letras) E como ele resolve isso? Ficando com a irmã, Loya, que por coincidência é a namorada do Didi no filme. E isso que antes eles tinham feito planejamentos de casar e o escambau, mas aí momentos depois Flick ta lá tascando um beijo da namorada do Didi, diante dos olhos do Didi e partindo o coração do Didi no processo!
Quero ver quem teria coragem de fazer uma cena dessas hoje em dia.
E quero ver também quem teria coragem de usar Nike com uma perna branca dessas. |
Concordo que alguns momentos do filme são engraçados, mas no geral não é bom. A história é muito simples, muitas cenas são arrastadas (principalmente porque algumas são em câmera lenta ou se repetem várias vezes) e a parte técnica é vergonhosa.
Ainda assim é um daqueles filmes que vocês DEVEM olhar pra acreditar. E façam uma sessão dupla com Spaceballs ou com Mercenários das Galáxias (esse sim, uma cópia BOA) junto com os amigos e comparem. Mas não leve aquele amigo chato que vai dizer que o filme não serve pra pulverizar uma vila. Se ele falar isso, matem ele com um travesseiro.
Ok, desculpem pela piada pesada. Amarrem ele numa árvore e cubram a boca dele com silver tape. É mais leve assim.
Bom, eu vou ficando por aqui.
Até a próxima, consagrados!
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