Aquele jogo found footage do PlayStation 2

Uma das coisas que eu aprendi a gostar com o passar dos anos é terror japonês.

Sem brincadeira, dois dos meus filmes favoritos são Pulse e Ringu, que trabalham justamente com o fator psicológico sem jogar jumpscare na tela como todo filme de terror ocidental tem feito nesses últimos anos.

Claro que nem todo filme de terror é uma obra de arte magnífica, mas os péssimos títulos são bem raros.

E isso também foi transportado para os videogames. Silent Hill, Siren, Fatal Frame e muitos outros games japoneses fizeram jogadores do mundo todo cagar nas calças e descobrir do que os asiáticos são capazes de fazer com o gênero terror.

E no meio do caminho surgiu Michigan (conhecido também como Michigan: Report from Hell), jogo do PS2 que tentou misturar terror com found footage, aquele gênero de filme onde "equipe de filmagem é desaparecida e tudo o que restou foram as filmagens".

Mas será que essa mistura deu certo?

É o que veremos agora.

A história acontece nos arredores do Lago Michigan (daí o título, 'tendeu?), lugar onde um avião caiu e acabou gerando um imenso nevoeiro na cidade. Então a ZaKa TV envia uma equipe de reportagem pra documentar tudo, equipe essa composta pela repórter Pamela Martel, o sonoplasta Brisco e um cameraman estagiário. E enquanto estão noticiando o que está acontecendo na cidade, Pamela é brutalmente morta por criaturas que aniquilaram metade da cidade, fazendo assim com que enviem outra repórter no lugar pra dar prosseguimento e descobrir o que está acontecendo.

Como eu disse antes, o game tenta misturar terror psicológico com found footage (gênero hoje em dia desgastado e classificado como "filme pra pobre" por ser rápido e fácil de fazer), e o enredo é um misto caótico de Resident Evil com Bruxa de Blair e tudo mais que estava fazendo sucesso em 2004.

É, o game foi lançado em 2004, assim como GTA San Andreas, Def Jam: Fight for NY e Red Dead Revolver (apesar que também permitiu que aquela bomba baseada no Clube da Luta fosse lançada, então não foi uma época tão gloriosa assim pro console da Sony).

Ah, o game também ficou conhecido por conta da dublagem medonha que recebeu quando foi lançado na Europa. Quase todos, principalmente Brisco, parecem que tiveram aula na escola de atores Sylvester Stallone, pois todos soam muito exagerados e caricatos e não ajudam a levar o game a sério.

Mais ou menos como acontece hoje em dia, vide Megan Fox em Mortal Kombat 1.

A jogabilidade é... curiosa, pra dizer o mínimo. Aqui você controla o cameraman, então você acaba ficando limitado somente a apontar para as coisas e fazer sua repórter ir até o lugar pra investigar (ou atirar, quando você estiver com sua segunda repórter).

Aliás, os monstros desse jogo parecem que saíram de um filme do John Carpenter ou do David Cronenberg, porque os designs deles são impressionantes e bem criativos... na maior parte, pois alguns são apenas lesmas que os personagens vomitam quando se transformam.

E uma vez que você é o cinegrafista ajudando a repórter com o furo de reportagem, certas partes do jogo vão exigir que você aponte a câmera para itens importantes como manchas de sangue, cadáveres, chaves, telefones, arquivos, fitas... e revistas eróticas, além de que você pode desbloquear uma fase secreta onde você e Brisco participam do ensaio sensual da repórter numa boate que vocês visitam em algum momento do jogo.

Porque não seria um jogo japonês sem uma dose de putaria, né verdade?

Ah sim, o jogo também tem três finais... que não mudam muita coisa, exceto a aparência do cameraman dependendo do seu progresso do jogo, e em um deles ele fica a cara do Gugu Liberato.

Era uma época mais simples.

Michigan: Report from Hell é uma tentativa interessante de fazer um terror diferenciado misturado com um estilo de filme que na época estava bombando.

Infelizmente a dublagem pavorosa em inglês tira toda a seriedade que o jogo poderia ter e o acaba deixando mais com cara de paródia dos filmes de terror do que um título realmente sinistro.

Mesmo assim, eu recomendo jogar porque é uma ideia diferente.

E antes de ir, aqui vai um fato interessante: sabem quem esteve envolvido com esse jogo? suda51.

É, o cara de Lollipop Chainsaw.

Isso com certeza não vai acrescentar nada na sua vida, mas mesmo assim quis compartilhar esse fato com vocês.

Pronto, agora posso ir embora.

Até a próxima, minha gente!