As Aventuras de Sergio Mallandro, o filme mais débil mental de todos os tempos


Oh boy, não acredito que esse dia chegou.

Senhoras e senhores, despeçam-se dos seus neurônios, do bom senso e dos seus Ticos e Tecos, porque hoje veremos aquele que é considerado "o filme mais débil mental de todos os tempos".

E tendo o Sergio Mallandro como protagonista, logo vocês vão entender por que este filme rendeu este título tão... digno.

Esta é sua última chance de parar de ler o artigo e prezar pelos seus neurônios. Depois não digam que não avisei.

1...

2...

3...

Vocês ainda estão aí? Poxa vida...

Ok então, né? Vamos lá.


O filme começa... em algum lugar do espaço.

O narrador explica que a história tem início em uma galáxia onde só existe o bem que vence o mal e afasta o temporal e paranauê paraná, e enquanto isso a nave imperial está sobrevoando a Terra.

Não, é sério. Pegaram um brinquedo da nave do Darth Vader de O Retorno de Jedi e gravaram umas cenas dela "voando" num pôr do sol, pra ninguém reparar.

Santa malandragem, Batman!

E falando em Batman, o filme é narrado pelo Márcio Seixas, dublador do Batman e do Leslie Nielsen, e eu pessoalmente DUVIDO que ele se lembre que trabalhou nesse negócio. Se bobear, nem mesmo o próprio Sergio Mallandro deve lembrar que trabalhou nessa desgraça, já que o seu outro filme (Inspetor Faustão e o Mallandro) tem mais fama.

E, ao decorrer do artigo, vocês vão ver que é melhor assim.


Lá dentro da nave de papel-alumínio, está Pedro de Lara... Incrivelmente menos grisalho, mas com o mesmo bigode e a mesma voz de quem fumava Derby desde os 7 anos. Enfim, ele diz ao Superpoderoso que a Terra tem muitos heróis... e somos agraciados pelos maiores cospobres de Homem-Aranha, Batman e Capitão América. É maravilhoso demais.

Porém, o pequeno sábio Superpoderoso descobriu alguém mais digno para receber o dom de "fazer o bem"...


Sergio Mallandro que, na época, ainda era jurado do Show de Calouros.

E, a menos que tenha rolado uma negociação, acho surpreendente o pessoal do SBT não ter processado os realizadores pelo uso de um trecho do programa. E, inclusive, talvez essa seja a única vez que o Silvio Santos apareceu em um filme, direta ou indiretamente.

Pena que foi justo nesse filme que ele (ou, nesse caso, só sua voz) tinha que aparecer...


Pedro de Lara protesta, dizendo que Mallandro é irresponsável, inconsequente, um imbecil, idiota, não faz nada direito e faz a vida dos outros um inferno.

Praticamente descreveu o Sergio Mallandro como qualquer outra pessoa normal faria.

Bom, Superpoderoso acalma os nervos de todos e diz que se Mallandro não cumprir a missão até a areia da ampulheta cair, Pedro de Lara receberá o poder.

Eu não questionaria, afinal de contas, Pedro de Lara até quebrou um violão no Programa do Ratinho... por mim, o poder já iria pra ele agora mesmo. 


E aí está ele, o "herói" (se é que dá pra chamar assim) da história.

Pobre Mallandro, nem imagina o que lhe espera...


Na cena seguinte, Mallandro está passeando com seu... carro... jipe... calhambeque... sei lá que porra é essa.

Até que ele recebe a visita do Superpoderoso e ele tenta retomar o controle do veículo...


...com resultados questionáveis.


Superpoderoso, então, reaparece em cima do carro e diz que tem uma missão muito importante para Sergio Mallandro conseguir o poder de "fazer o bem".

E a missão nada mais é que... encontrar o chimpanzé desaparecido da Tininha.

.

.

Ok, tenho três perguntas.

Primeira: QUEM CARALHOS É TININHA? O filme mal começou e ele já anuncia o nome de uma pessoa que nunca vimos na vida, como se já tivéssemos a visto no filme antes.

Segunda: QUEM, ALÉM DO ACE VENTURA, TEM UM ANIMAL SELVAGEM COMO MASCOTE? MAS NEM O DR. DOLITTLE TEM, E OLHA QUE ELE CONVERSA COM OS ANIMAIS NORMALMENTE!

Terceira: QUEM, EM SÃ CONSCIÊNCIA, TERIA UM ANIMAL QUE NÃO FAZ NADA ALÉM DE ENFIAR O DEDO NO RABO E CHEIRAR OU JOGAR COCÔ NAS PESSOAS? A menos que seja pra irritar seu vizinho mala que gosta de ouvir sertanejo no último volume, isso não faz sentido nenhum!!!!!!!!!!

*respira fundo*

... Calma, tá cedo pra se irritar...

Aliás, aqui o Sergio Mallandro passa a metade do filme chamando o alienígena de Super Bota-Ovo sempre que o encontra, numa série de piadas que no papel talvez (ênfase no "talvez") tenham ficado engraçadas, mas na hora de gravar só rendem um sorriso amarelo - ou nem isso.

Quem quer que tenha escrito esse roteiro não sabe que o Sergio Mallandro só funciona quando é no improviso, e que essas piadinhas engessadas não funcionam nem na Praça é Nossa.


Pois bem, aceitando (mais ou menos) a missão, no meio do caminho Mallandro e Superpoderoso enlouquecem um guarda, que acaba comendo a multa que iria dar pros dois.

.

.

Ok.


Eis que finalmente conhecemos a Tininha e ela começa a descrever o animalzinho desaparecido para nosso intrépido herói.

Aliás, de vez em quando o filme é interrompido por algumas ilustrações. Aparentemente o filme foi filmado no início ou no meio da década de 80 e depois foi engavetado até ser lançado em 1987, o que talvez explique as ilustrações que estão cobrindo a ausência das cenas de ligação que não foram gravadas.

Ah, e se vocês acharam que "Super Bota-Ovo" é a única piada roteirizada que enche o saco, preparem-se para ouvir o Sergio Mallandro passando o resto do filme chamando a mãe da garota (que se chama Marta CARNEIRO) de Cabrito, Camelo, Carrapato, Caranguejo...

Eu avisei que o filme era imbecil, vocês ainda estão lendo o artigo porque vocês insistiram.


Mas logo a falta de graça dessa estupidez é compensada com o Sergio Mallandro derrubando a bandeja de suco que a empregada da família está trazendo e derrubando todo mundo na piscina, algo que COM CERTEZA não tava no roteiro.

O equilíbrio de humor desse filme é uma coisa admirável...


Já no playground, Sergio Mallandro se encontra com seu amigo Zé Cocada para ajudá-lo na missão de encontrar o chimpanzé da Tininha.

E enquanto isso...


O mal está à espreita.


No meio do caminho, Mallandro e Zé Cocada encontram um garoto que está faminto e quer comer, mas não tem grana.

E lá vão eles ajudar o garoto o levando até a padaria.


Mas antes de comer, Mallandro arranca o bigode do balconista simplesmente porque sim.

Sério, ele faz isso sem motivo algum enquanto o ator que interpreta o balconista português (porque toda padaria PRECISA ter um balconista português) tenta ao máximo se manter no personagem.

Tô falando, não adianta escrever um roteiro bonitinho pro Sergio Mallandro, porque engessar o cara não tem graça e soa forçado. Quando é espontâneo e imprevisível... continua idiota, mas pelo menos é autêntico.


Até que o garçom logo é recepcionado pelo pescotapa do Sergio Mallandro, que leva a torta na cara do coitado.

.

.

Padarias tem garçons? E se tem, eles não avisam quando estão chegando pra evitar acidentes como esse? E de onde surgiu a ideia que todo português de Portugal é dono de padaria?

Por que estou me punindo tentando colocar sentido num filme desses?


E o mal continua à espreita.

Pelo menos é o que eu acho, pois se queriam ser discretos pilotando um carro que parece uma abelha, falharam miseravelmente.


Mallandro, então, entra na casa de Tininha pra avisar que sabe onde está o bendito chimpanzé e vai agora mesmo resgatar o bichinho.

.

.

Lembrem que nessa época não tinha celular, então você tinha que IR até a casa da pessoa, mesmo se fosse só pra dizer oi.


Então, recado dado, Mallandro sai da residência de Tininha com calma e dignidade.

Essa empregada vai pedir demissão em algum momento, já tô até vendo.


Bom, o menino que eles ajudaram a comer levou Sergio Mallandro e Zé Cocada no zoológico, pois segundo ele o chimpanzé da Tininha estava lá.

Infelizmente essa cena no zoológico não foi gravada, então temos que imaginar que ela aconteceu enquanto a ilustração acima e a narração do Márcio Seixas estão tapando o buraco.

Parece até meus artigos sobre filmes adultos quando eu não posso mostrar as cenas mais quentes e eu tenho que depender de GIFs pra cobrir o buraco que ficou.

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.

Me senti insultado agora.


Pedro de Lara fica sabendo de um show que Sergio Mallandro vai fazer na praia e decide que esse é o momento certo para atacar.

E o show...


...É tão normal quanto parece.


Em seguida, Paulo Cintura (na época que ainda tinha cabelo) aparece pra anunciar o show da Mara Maravilha... que aqui, por alguma razão divina, decidiu se chamar Mara Porreta.

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Era outra época...


E logo na sequência aparece a (morta e enterrada) banda Absyntho, tocando seu único hit "Ursinho Blau-Blau".

Aliás, na época que esse filme saiu a banda nem existia mais, provavelmente usando sua participação no filme como pretexto pra extinguir a banda de vez.

Achei justo.


No final do show, Sergio Mallandro está vestido de padre (nem vou perguntar) e sorteia um Telegame pra uma das crianças estavam lá presentes.

Pô, Mallandro, perdeu a oportunidade de fazer uma versão improvisada da Porta dos Desesperados na praia.

"Biombo dos desesperados" deveria ser o nome.

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Já nem sei mais o que eu to falando...


Então o mal ataca na praia e há luta!

Provavelmente o Sergio Mallandro não tinha tanta desenvoltura pra lutar contra os caras do telecatch, então o editor avançou a fita pra deixar a pancadaria mais ágil.

No fim, só ficou bizarra mesmo.


Pois bem, depois dessa briga saudável na praia, Mallandro vai jogar pinball.

Oras, se Hulk Hogan pode jogar After Burner enquanto está numa missão, por que o Mallandro não pode fazer a mesma coisa com uma máquina de pinball?

Tudo bem que isso iria distraí-lo na sua missão e deixar o filme desnecessariamente logo, mas poxa, é pinball...


Foi só eu falar da distração do Mallandro e o Superpoderoso reapareceu no fliperama, tal qual o Mestre dos Magos, pra lembrar o nosso herói que ele está em missão e que ele precisa urgentemente parar de perder tempo, só pra depois sumir com um corte de câmera.

SÉRIO, A CENA É SÓ ISSO!

Esse filme é a melhor coisa do mundo desde o bolo de cenoura com cobertura de chocolate!


Enquanto isso, Tininha está triste, chorosa e jururu olhando pra uma polaroid do chimpanzé (oi?) enquanto a mãe se pergunta onde Sergio Mallandro se meteu.


Ô BOCA SANTA!

Acho que, nesse universo, o Sergio Mallandro é tipo uma entidade (ou um encosto) que surge do nada sempre que seu nome é citado.

Mallandro tenta se explicar sobre a demora pra encontrar o tal primata...


...mas esquece que também tem a coordenação motora de um e destrói a decoração da mãe da Tininha.

Tenho uma teoria que o apelido do Sergio Mallandro nessa época era "demônio da Tasmânia", porque é impressionante como ele deixa um rastro de destruição por onde passa.


E assim que sai pra investigar, rola uma perseguição automobilística entre o Sergio Mallandro e a tropa do Pedro de Lara...


...perseguição essa que continua em um parque de diversões.

.

.

Ok.


A perseguição continua, rola mais uns tapas e Sergio Mallandro é atropelado enquanto foge dos bandidos.

.

Yep.


Mas era só uma pegadinha do Mallandro, mostrando que ele está, na verdade, vivinho da Silva.

Ou ele é descendente do Connor McLeod, sei lá...


Eis que então, Mallandro tem uma grande ideia e resolve se disfarçar de mulher pra... fugir... dos bandidos...


*respira bem fundo*

Melhor nem falar nada.


Mas aparentemente o disfarce deu tão certo que chamou atenção até do Alexandre Frota.

E queimou até o rolo do filme.

É muita coisa acontecendo...


Digo, funcionou até certo ponto, pois o Frota percebeu a malandragem do Mallandro (ba dum tss) e corre atrás dele...


...e a perseguição, como um peido, termina do nada, pois aparentemente o Mallandro saiu nadando com uma prancha de surfe e saiu vitorioso.

Digo, pelo menos é o que a ilustração e a narração do Márcio Seixas indicam, já que também não podemos ver essa perseguição aquática.

Estou tentando manter a calma, é sério...


Enquanto isso, os vilões ponderam sobre o que vão fazer pra impedir o Mallandro de ter algum êxito na missão... e a cena termina.

.

.

É.


No dia seguinte, Mallandro diz que está apaixonado pela Tininha e quer fazer algo pra deixá-la feliz.

Zé Cocada então tem uma ideia de dar um cachorro pra ela.


E ele o faz, o que deixa todo mundo feliz... menos ela.

Mas essa menina também não se ajuda, né?


Até que, DO NEIDA, Zé Cocada aparece dizendo que sabe onde está o bendito macaco. Ele diz pra Sergio Mallandro que o macaco será o prêmio de uma corrida que está tendo na região.

Eu tenho várias perguntas a respeito disso, mas prefiro não perguntar nada pra terminar essa review logo enquanto ainda me resta um pouco de sanidade na cabeça.


E lá está ele, pronto pra corrida.

Spoiler: Sergio Mallandro vence.

.

.

.

Oh, que surpresa...


E há muita alegria!!!!!


Mas logo em seguida, os capangas de Pedro de Lara enchem o herói de pancada e levam o macaco embora.

.

Jesus, esse filme não termina nunca?


Chegando no covil dos vilões, Sergio Mallandro incapacita um dos capangas e já resgata o macaco.

.

Assim, do nada, sem mais.


E durante MAIS UMA perseguição, o carro dos vilões voa barranco abaixo e explode.

.

Assim, do nada, sem mais.




E há mais alegria!!!!


De fato, há tanta alegria que, no final, quando todos os convidados estão reunidos na mesa, o Sergio Mallandro sobe nos atores, arranca a peruca do ator que interpreta seu sogro, coloca na própria cabeça e fica gritando "Meu sogro é careca! Meu sogro é careca!"

Sério, tem como NÃO rir disso?

E isso é tudo, pessoal. Lamento se essa review corroeu o cérebro de alguém durante a leitura, mas eu acabei sofrendo mais assistindo esse negócio.

Em breve eu volto com algum artigo que não vá me deixar insano no final.

Eu acho... eu espero...

Até a próxima, minha gente!

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