Review Pocket - Histeria
Existem muitos filmes nesse mundo cujas coincidências são estranhas. Por exemplo, você acaba tendo ideia pra um filme e de repente outra pessoa acaba tendo a exata mesma ideia e lançando o filme bem antes de você. É frustrante, não é?
Neste Review Pocket eu resolvi falar sobre um filme obscuro. Um que talvez poucos ouviram falar. E que por razões óbvias é conhecido como "o primo pobre de Todo Mundo em Pânico".
Mas logo entro nesse detalhe.
Bem, hoje eu decidi falar sobre Histeria, um filme bem, digamos... inclassificável, lançado em 2000 e que é uma paródia de Pânico (aliás, "paródia da paródia", uma vez que Pânico tira sarro dos clichês do horror, apesar de não ser o primeiro a fazer isso) e de outros filmes populares na época.
Soa familiar, não?
Pois bem, as semelhanças são mais ou menos como coincidências. Me acompanhem que eu explico.
Igual ao seu parente milionário, o filme começa com a loira burra sendo morta pelo assassino vestido de preto (com a única diferença de que aqui, ele veste uma máscara de hóquei), porém como aqui a burrice é levada ao extremo, a moça acaba se matando dando de cara em um mata-insetos elétrico antes que o assassino tivesse qualquer chance de fazer isso por conta própria!
Frustrado, o assassino decide acender um cigarro pra acalmar os nervos, porém acaba ateando fogo na própria máscara (talvez ela seja feita de gasolina, pois não tem outra explicação pra ela ter queimado automaticamente), assim formando a famosa máscara de Ghostface.
O filme então nos transporta para a escola Bulimia Falls, a "terra da sacanagem", onde conhecemos nossos personagens: Dawson (o loser), Bárbara (a vagabunda), Slab (o viciado), Boner (o nerd virjão) e Martina (a gótica misteriosa). Cada um deles são indiferentes ao que acontece ao redor e acabam todos no caminho do assassino, que não perdoa nem os figurantes. Sério, a cada momento que você vê os personagens principais interagindo ele está lá no fundo da cena matando um estudante ou um cinegrafista da repórter, mas isso logo perde a graça lá pela terceira vez.
Ah sim, também tem uma repórter obcecada por Dawson, e que acredita de pés juntos que ele é o assassino, que namora um segurança de shopping broxa.
A história não ganha nenhum prêmio Pulitzer de inspiração, uma vez que é "paródia da paródia", mas tem seus momentos que fazem valer a pena dar uma conferida.
Tecnicamente, o filme é o equivalente a um episódio do Chaves (dizem que o orçamento foi de 5 milhões de dólares, mas há controvérsias). Metade do filme acontece na escola e o resto em uma casa. A fotografia faz o filme parecer que foi gravado há alguns anos antes (é mais nítido mesmo se ver numa cópia de qualidade altíssima), o que é estranho pra um filme de 2000.
O filme também é muito ingênuo e comportado - na maioria das vezes - na hora de fazer as piadas (diferente dos Irmãos Wayans, que preferiram uma pegada mais... hardcore), preferindo tocar a narrativa no mesmo estilo dos clássicos Apertem os Cintos O Piloto Sumiu e Corra que a Polícia Vem Aí: piadas rápidas, gags visuais e por aí vai. Claro, nem todas são criativas e grande parte delas só vão te causar risos amarelos, mas as melhores ainda estão lá. Inclusive a melhor de todas é uma sátira à cena de Pânico onde Randy explica como sobreviver a filmes de horror, com a diferença de que aqui é mais ou menos uma "mini-aula" de como se sobreviver em um filme de paródia, citando até coisas que faltam em "paródias atuais", o que foi uma boa sacada dos roteiristas.
Ah sim, aqui também tem referências. O filme faz paródia e referência de uma cacetada de coisas, como por exemplo Pânico, Sexta-Feira 13, Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, Christine - O Carro Assassino, Halloween, O Massacre da Serra Elétrica, Brinquedo Assassino, Psicose, Scanners, Dawson's Creek, O Mágico de Oz, SOS Malibu e mais umas outras coisas. Algumas delas são só jogadas no filme sem muito mérito, outras pegam um espaço próprio. É um contraste meio confuso.
Bem, lá no começo do artigo eu falei que este filme era "o primo pobre de Todo Mundo em Pânico". Os motivos são bem aparentes: ambos foram lançados no ano 2000 e fazem sátira de Pânico. Porém nem todo mundo sabe o que houve por trás.
Pois bem, John Blanchard (cujo único trabalho foi esse, depois sumiu do mapa) estava fazendo normalmente seu filme, inclusive tendo até data marcada pra lançar no cinema, porém quando ficou sabendo que os Irmãos Wayans também estavam fazendo sua própria paródia de Pânico, acabou abortando a ideia de lançar nos cinemas, relegando a uma singela estreia na televisão no dia 17 de outubro e logo depois um lançamento em VHS e DVD. Ok, algumas comparações são inevitáveis, mas cada um toca a narrativa de um jeito diferente, então eu sugiro não ficar comparando os dois filmes enquanto assiste.
E se servir de consolo, diferente de Todo Mundo em Pânico, Histeria não teve 5 continuações, uma pior que a outra, então talvez isso seja considerado uma boa coisa.
Histeria pra mim é um filme injustiçado. Assisti uma única vez na TV, tenho o DVD até hoje e o considero como um dos meus favoritos. É bom? Mais ou menos. Vale a recomendação? Até que vale. Como eu já disse, as piadas não são as mais engraçadas, mas as que realmente são merecem o riso.
O DVD está fora de catálogo e nenhuma emissora ainda pensou em exibi-lo de novo (alô Silvio Santos!), mas você pode comprar o filme na loja do Google e assistir a vontade no celular, Xbox ou qualquer outro aparelho. É tão baratinho quanto o orçamento do filme.
A menos que você seja um pobretão que ainda mora com os pais, nesse caso peça permissão a ele. Ou crie vergonha na cara, procure um emprego e saia da casa dos seus pais, seu explorador imundo!
Ficha técnica
Histeria (Shriek If You Know What I Did Last Friday the 13th)
Lançamento: 2000
Diretor: John Blanchard
Elenco: Majandra Delfino, Simon Rex, Danny Strong, Julie Benz, Harley Cross, Tifanni Thiessen, Tom Arnold, Artie Lange, David Herman, Rose Marie, Coolio, Shirley Jones, Mink Stole
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