O filme mais estranho que eu já vi
Eu sou um ser humano nascido em 1996, e com o decorrer dos anos já vi de tudo. Mas nunca pensei que chegaria o dia em que algo assim tão absurdo apareceria na minha vida.
Essa coisa é o famigerado "Last House on Dead End Street", ou de acordo com o IMDb, "A Última Casa da Rua" (que por coincidência é o mesmo título brasileiro daquele filme abominável da Jennifer Lawrence), cujo lançamento é uma história interessante, pois é aquela típica lenda urbana que ouvíamos no colégio contado por algum drogado mais velho ou mentalmente perturbado.
Por muito tempo, este filme foi considerado um filme snuff, que é aquele tipo de produção em que os atores são mortos diante das câmeras, uma vez que todos os atores foram creditados com nomes diferentes. Este rumor permeou no boca-a-boca até o ano 2000, quando um usuário do fabpress.com confirmou que não só foi o diretor, como também editou, produziu, cinegrafista e também o ator principal. A identidade do dito cujo foi revelada como Roger Watkins (falecido em 2007, o que abortou uma tentativa de continuação dirigida novamente pelo próprio), cujo currículo no Wikipedia é bem curto, pois trabalhou até 1988 antes de migrar pra obscuridade.
(Um fato curioso: um destes projetos que trabalhou na produção foi o igualmente obscuro Driller: A Sexual Thriller, uma paródia pornô do famoso clipe do Michael Jackson!)
(Outro fato curioso: uma das músicas - aqui composta por David Fanshawe e teve sua soundtrack lançada em 2012 - foi utilizada no episódio "O Filme de Terror" do seriado Chaves! Não sei quem escolhia essas músicas pra tocar no fundo, mas certamente tinha um gosto bem duvidoso...)
Bom, mas sobre o que é este filme então? É sobre um ex-diretor pornográfico (interpretado por Watkins sob o pseudônimo "Steve Morrison", e que é muito parecido com o Daniel Bruhl do Bastardos Inglórios) que saiu da prisão e decide então mostrar ao mundo um gênero cinemático que o mundo nunca tinha visto: snuff. Então com a sua turminha particular de psicopatas que usam máscaras horripilantes, o diretor faz questão de mostrar a podridão e a carnificina que nunca fora mostrada diante das câmeras.
E vocês achavam que A Serbian Film era chocante, faça-me o favor.
O filme foi feito entre 1972 e 1973, mas só foi lançado em 1977 (mesmo ano do lançamento de um tal de Guerra nas Estrelas dirigido por um tal de George Lucas) pois uma das atrizes estava processando o diretor Watkins (que assumiu o pseudônimo Victor Janos no crédito de direção) por ter aparecido pelada, já que isso estragaria qualquer chance de arrumar um papel na Broadway (e ela não conseguiu de qualquer jeito) e como todo mundo ficou escondido por meio de nomes falsos, ninguém fazia ideia de quem esteve na produção ou no elenco (isso até o ano 2000, conforme eu já disse lá no começo) Além disso, a tão almejada versão de 175 minutos do diretor foi reduzida pra 78 minutos, uma vez que cortaram metade do gore (não por acaso, a cena mais sangrenta foi tirada de uma cópia VHS pro relançamento do filme em DVD, o que deixa nítido a mudança da qualidade da imagem!)
A trilha sonora também é um caso a parte. É um misto indescritível de pianos, sintetizadores e coros, o que dá um tom diferenciado e bastante incômodo pra quem se está assistindo.
Não dá pra saber qual era a pretensão do sujeito que dirigiu esse negócio, mas gastar só 800 dólares numa produção dessas é no mínimo questionável (descobri mais tarde que ele só gastou 800 pois torrava o resto do orçamento em dorgas), já que a qualidade da produção é precária tal qual um episódio do Chaves. Tem até uma cena sem muita lógica e bizarra em que um sujeito, durante uma festa na casa de alguém, começa a dar chicotadas numa mulher com o rosto pintado de preto!
Last House on Dead End Street é um filme feio, sujo e malvado. E também é curioso e interessante. Eu não sei pra quem foi feito esse tipo de filme, mas pra quem gosta de cinema underground fica aí a recomendação.
O DVD está fora de catálogo mas sempre pode se recorrer aos downloads.
Deus abençoe aos usuários de internet e sua boa vontade em dividir arquivos raríssimos com outras pessoas...
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